Terça-feira, 10 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 28 de agosto de 2022
Dois navios de guerra da Marinha dos Estados Unidos estão navegando por águas internacionais no Estreito de Taiwan pela primeira vez desde a visita da presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, ao país.
Os cruzadores de mísseis guiados USS Antietam e USS Chancellorsville estavam fazendo a viagem “através de águas onde as liberdades de navegação e sobrevoo em alto mar se aplicam de acordo com a lei internacional”, disse a 7ª Frota dos Estados Unidos no Japão em comunicado.
Ela disse que o trânsito estava “em andamento” e que não havia “interferência de forças militares estrangeiras até agora”.
“Esses navios [estão em trânsito] por um corredor no estreito que está além do mar territorial de qualquer estado costeiro. O trânsito dos navios pelo Estreito de Taiwan demonstra o compromisso dos Estados Unidos com um Indo-Pacífico livre e aberto. Os militares norte-americanos voam, navegam e operam em qualquer lugar que a lei internacional permita”, afirmou o comunicado.
O Comando do Cenário Oriental dos militares da China disse que estava monitorando os dois navios, mantendo um alerta máximo e “pronto para frustrar qualquer provocação”.
A visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Estados Unidos, a Taiwan no início de agosto agravou as tensões entre os norte-americanos e chineses.
A China não reconhece Taiwan como um Estado, e busca meios de ampliar sua influência e até mesmo tomar o controle do território. Já os EUA têm uma política de “ambiguidade estratégica”, mantendo relações com a ilha.
A viagem enfureceu Pequim, que a viu como uma tentativa dos EUA de interferir nos assuntos internos da China. Desde então, os chineses têm intensificado exercícios militares perto de Taiwan.
Estreito de Taiwan
O Estreito de Taiwan é considerado uma barreira não oficial entre a ilha e a China. A região tem sido uma fonte frequente de tensão militar desde que o governo derrotado da República da China fugiu para Taiwan em 1949, depois de perder uma guerra civil com os comunistas, que estabeleceram a República Popular da China.
Nos últimos anos, navios de guerra dos EUA e, ocasionalmente, de nações aliadas, como Grã-Bretanha e Canadá, navegaram rotineiramente pelo estreito, atraindo a ira de Pequim.
A Marinha dos Estados Unidos alega que a maior parte do estreito está em águas internacionais. O país cita uma lei internacional que define as águas territoriais como se estendendo por 22,2 quilômetros da costa de um país e envia regularmente seus navios de guerra pelo estreito no que chama de operações de liberdade de navegação, incluindo viagens recentes dos destroieres de mísseis guiados USS Benfold e USS Port Royal.
O Comando do Cenário Oriental da China disse na sexta (26) que realizou “patrulhas conjuntas de segurança de prontidão para o combate e exercícios de treinamento de combate envolvendo tropas de vários serviços e armas nas águas e no espaço aéreo” em torno de Taiwan.
Esse anúncio veio depois que a senadora norte-americana Marsha Blackburn, uma republicana do estado do Tennessee que faz parte do Comitê de Serviços Armados do Senado, tornou-se o último membro do Congresso a visitar Taiwan desafiando a pressão de Pequim, dizendo: “Não serei intimidada pela China comunista”.
Em tweets, a senadora, que não representa o governo Biden, reiterou seu apoio a Taiwan.
“Eu nunca vou me curvar ao Partido Comunista Chinês”, disse ela. “Continuarei a apoiar os taiwaneses e o seu direito à liberdade e à democracia. Xi Jinping não me assusta”, acrescentou mais tarde, referindo-se ao líder da China.
Soberania
O embaixador dos Estados Unidos na China, disse à CNN na semana passada que a resposta de Pequim à visita de Pelosi a Taiwan foi “uma reação exagerada”.
“Não acreditamos que deva haver uma crise nas relações EUA-China após a visita – a visita pacífica – da presidente da Câmara dos Deputados a Taiwan… foi uma crise fabricada pelo governo em Pequim”, afirmou. Agora, acrescentou, “cabe ao governo aqui em Pequim convencer o resto do mundo de que agirá pacificamente no futuro”.
O embaixador chinês em Washington, Qin Gang, disse que os trânsitos dos Estados Unidos apenas intensificam as tensões.
“Peço aos colegas americanos que sejam moderados, não façam nada para aumentar a tensão”, afirmou Qin a repórteres em Washington. “Se houver algum movimento que prejudique a integridade territorial e a soberania chinesas, a China responderá”.