Quarta-feira, 01 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 6 de maio de 2017
No entorno dos complexos do Chapadão e da Pedreira, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o crime não vive só de roubar cargas, mas também de não roubá-las. Empresários que transportam com frequência produtos pela região passaram a sofrer com um novo método de banditismo: por telefone, as quadrilhas exigem dinheiro em troca de não atacar caminhões de uma frota específica — caso a investida ocorra por engano, a promessa é devolver a carga intacta.
Só entre abril e março, foram pelo menos dez tentativas de extorsão similares no Estado, de acordo com o Sindicarga (Sindicato das Empresas do Transporte Rodoviário de Cargas e Logísticas do Rio). “Ligam e mandam depositar sinal de R$ 20 mil, além de uma mensalidade de R$ 5 mil, que também pode ser paga com 480 cestas básicas. Nossa orientação é para os empresários não aceitarem. É uma afronta”, afirma Venâncio Moura, diretor do Sindicarga e coronel reformado da Polícia Militar.
Esse tipo de prática já é apurada pela polícia. Com base em investigação da 39ª DP (Pavuna), o promotor Marcelo Muniz, coordenador da 1ª Central de Inquéritos, denunciou quatro suspeitos que atuavam na Pavuna pelos crimes de formação de quadrilha, extorsão e roubo. Segundo a denúncia, um motorista e dois ajudantes indicavam a bandidos da Pedreira a rota dos veículos da empresa onde trabalhavam à época, em meados de 2016. A transportadora teria se tornado alvo das investidas justamente por negar pagar o “pedágio” imposto para não sofrer assaltos.
Escutas telefônicas, feitas com autorização da Justiça, flagraram um dos empregados da transportadora denunciados pelo Ministério Público conversando com um homem não identificado. No diálogo, o funcionário, que mantinha contato com os assaltantes de carga, oferece a venda de uma caixa de óleo de cozinha.