Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 5 de março de 2022
A titular da Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac), Beatriz Araújo, realizou visita oficial à Granja de Pedras Altas (Região Sul do Estado), na cidade gaúcha de mesmo nome. Patrimônio tombado desde 1999, o local pertenceu ao político, diplomata e produtor rural Joaquim Francisco de Assis Brasil (1857-1938) e foi escolhido para a assinatura do pacto de encerramento da sangrenta Revolução de 1923.
De acordo com a titular da pasta, a visita teve por objetivo analisar a situação do Castelo ali inaugurado em 1912 e cujos novos proprietários – uma família de Santa Maria, na Região Central – planejam resgatar o valor histórico e patrimonial do imóvel:
“As articulações em favor do patrimônio histórico e cultural são decisivas para a conservação deste local, o que acreditamos ainda ser possível. Já tem mais de 30 anos a trajetória pela salvaguarda do conjunto arquitetônico erguido por Assis Brasil no início do século passado como residência de sua família”.
À equipe da Sedac cabe a avaliação da construção, bem como de seu acervo de bens móveis, no sentido de indicar as intervenções mais urgentes e procedimentos corretos para a conservação do local.
Beatriz estava acompanhada do assessor especial de Memória e Patrimônio da Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), Eduardo Hahn; pelo diretor do Iphae, Renato Savoldi, e pela museóloga e diretora do Museu Julio de Castilhos, Doris Couto. Também participaram o prefeito de Pedras Altas, Luiz Alberto Soares Perdomo; o presidente da Câmara de Vereadores, Arildo Madruga Medeiros; a bisneta de Assis Brasil, Lydia Assis Brasil; e membros da família Segat.
Pioneirismo
A granja onde está o castelo foi o grande projeto pessoal de Assis Brasil, nascido em São Gabriel e uma das grandes personalidades brasileiras de sua época. Foi político, diplomata, produtor rural, escritor e intelectual, dentre tantas outras facetas.
Com a área em Pedras Altas, ele pretendia provar que um pequeno pedaço de terra poderia ser tão produtivo quanto uma grande propriedade, se fossem usadas técnicas modernas e racionais.
Para desfazer o mito da rusticidade da vida no campo, Assis Brasil construiu uma moradia confortável, em forma de castelo medieval, inaugurada em 1912, onde instalou uma grande biblioteca com obras raras e diversificadas.
O castelo foi um marco histórico da Revolução de 1923, da qual Assis Brasil foi o chefe civil, Ao sediar a reunião de assinatura do chamado “Pacto de Pedras Altas”, passou a ser um dos cenários icônicos da vida política no Rio Grande do Sul.
Além das razões históricas para o tombamento do castelo, efetivado pelo Iphae em 1999, a granja-modelo de Pedras Altas é um exemplo no uso de técnicas pioneiras no sistema construtivo e na infraestrutura dos prédios, como iluminação a gás, preocupação com conforto térmico e captação de água da chuva para fins de abastecimento.
São 44 cômodos, com dois andares principais, além de subsolo e torres. O seu interior conta, ainda, com mobiliário e objetos de época trazidos pelo político de seus períodos de residência com a família em países como Portugal, França, Estados Unidos e Argentina, quando atuava na área diplomática.
Tombamento
Diversas iniciativas a favor da salvaguarda do conjunto arquitetônico da Granja de Pedras Altas foram tomadas ao longo dos últimos 30 anos, com envolvimento direto e articulação de diversas instituições sociais e oficiais.
Apesar do tombamento da propriedade em 1999, a medida só foi aplicada também aos bens móveis em 2009. Isso abrange uma extensa lista de adornos, esculturas, lustres, louças, pratarias, quadros, tapetes, livros, documentos e outros objetos que pertenceram ao ilustre dono da casa.
(Marcello Campos)
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