Sábado, 10 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 29 de outubro de 2017
A um público de universitários brasileiros reunidos na Universidade de Georgetown, em Washington, nos Estados Unidos, o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot sugeriu na noite de sábado que o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), estaria tentando esconder algo sob uma “cortina de fumaça” ao criticá-lo recentemente.
“Não sei qual é a razão deste comportamento, o que se quer esconder com este comportamento. Agora que tem uma cortina de fumaça, com certeza tem”, disse Janot ao ser questionado sobre as críticas que o ministro fez à sua atuação à frente da PGR (Procuradoria Geral da República), conforme reportagem do jornal Folha de S.Paulo.
“Ninguém tem essa capacidade de odiar gratuitamente várias pessoas, a não ser que tenha um problema de saúde, né?”, completou, arrancando aplausos e risadas da plateia. “Antes eu não podia falar, agora eu posso.”
No último mês, Gilmar Mendes disse que a gestão de Janot na PGR foi “sem dúvida alguma a mais infeliz, a mais desastrosa” e comparou o ex-procurador-geral ao personagem Simão Bacamarte, de “O Alienista”, de Machado de Assis.
Na história, o médico Bacamarte resolve internar a si próprio em um hospício.”Ao final de seu mandato, quase que o procurador-geral pediu sua própria prisão preventiva”, disse o ministro, em setembro, numa entrevista coletiva em Foz do Iguaçú (PR).
Na conferência BrazUSC em Washington, organizada por estudantes de graduação brasileiros no exterior, e promovida pela Brasa (Brazilian Student Association), Janot disse que o ministro do STF é “muito agressivo” em suas críticas. “Eu não sei qual é o problema deste senhor.”
‘História julgará’
Janot também falou pela primeira vez sobre a decisão da Câmara dos Deputados de barrar a segunda denúncia feita por ele contra o presidente Michel Temer, por acusação de obstrução de Justiça e participação em organização criminosa. Segundo o ex-procurador-geral, “o amanhã será cruel com vários atos que estão sendo praticados hoje no Brasil”. “Eu fiz o meu trabalho, eles [deputados] fizeram o trabalho que competia a eles. A história nos julgará”, afirmou Janot, sobre a decisão tomada na última quarta-feira.
Ele, contudo, disse ver “com muita naturalidade” a decisão tomada pelos deputados. “O julgamento da Câmara é um julgamento político, que leva em conta circunstâncias que não são jurídicas. E o julgamento da Câmara não quer dizer que a denúncia tenha sido rejeitada. Quem admite ou rejeita a denúncia é o Supremo Tribunal Federal.”