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Mundo Nos últimos três anos, 40% das empresas venezuelanas desapareceram

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Venezuela vive crise política e econômica. (Foto: Reprodução)

Nenhum empresário venezuelano tem esperança de voltar a crescer sob o chavismo. Nem todos falam abertamente, mas o diagnóstico é unânime: para a Venezuela voltar a produzir é preciso uma mudança de governo. Sem isso, é zero a chance de voltarem a existir políticas que possam impulsionar um modelo econômico produtivo no país.

Dos setores de alimentos ao gráfico e metalúrgico, todos relatam obstáculos semelhantes, que vão do acesso limitado a divisas para importar insumos às distorções geradas por três taxas de câmbio, inflação beirando os quatro dígitos, preços regulados e insegurança jurídica, com ataques frequentes à propriedade privada.

“Como estão as empresas na Venezuela hoje? Operando num ambiente econômico de guerra. Essa é a realidade”, diz Pedro Pacheco, presidente da Câmara do Comércio, da Indústria e dos Serviços de Caracas, no seu escritório localizado numa área de ruas bloqueadas por protestos no bairro de Chuao, na capital venezuelana. “Um ambiente com inflação de mais de 500%, constante desvalorização do câmbio, controle de dólares e de preços e sem matéria-prima para produzir só existe em zonas de guerra. As empresas estão subsistindo até a situação voltar à normalidade. Mas isso tem limite.”

Hoje o primeiro drama de um empresário na Venezuela é o acesso a dólares para comprar matérias-primas. O governo estabelece taxa preferencial de 10 bolívares por cada US$ 1 para importação de medicamentos e produtos alimentícios, enquanto outros insumos devem ser importados pela taxa Dicom, de 2.970 bolívares por dólar. No mercado negro, a cotação flutua muito e chegava em 12.160 bolívares por dólar na sexta-feira. Com as divisas disponibilizadas pelo Banco Central da Venezuela para a importação cada vez mais escassas, pequenas e médias empresas recorrem ao dólar paralelo.

“Não posso comprar US$ 1 a 10 mil bolívares e colocar nos meus custos. Tenho de dizer que comprei à taxa Dicom, mas o que faço com a diferença restante?”, questiona Juan Pablo Olalquiaga, presidente da Confederação Venezuelana de Industriais (Conindustria). “Depois tem a questão dos próprios dólares. De onde eu os tiro? Não se pode ir ao banco e obtê-los, como se faz em qualquer outro país. Os próprio empresários acabam vendendo uns aos outros.”

Pesquisa Qualitativa de Conjuntura Industrial do 1o trimestre da Conindustria mostra que a falta de divisas é o segundo maior obstáculo à produção para 83% dos entrevistados, abaixo da incerteza política (95%). A baixa demanda também ocupa a segunda posição na lista de dificuldades enfrentadas pelo setor.

Compõem a lista de percalços dos industriais venezuelanos a inflação galopante, que pode encerrar o ano em 1.077%, segundo a consultoria Ecoanalítica. A escalada dos preços é um problema tanto para as vendas quanto para os custos de produção – no primeiro trimestre deste ano constatou-se um incremento médio de 731%.

A Comissão de Economia da Federação de Câmaras e Associações de Comércio e Produção da Venezuela (Fedecámaras) estima que o PIB setorial da indústria vai cair 8,8% neste ano, após uma contração de 15,2% em 2016. O setor de comércio e serviços, por sua vez, deve encolher 10,3% neste ano, depois de cair 17,9% em 2016.

A Câmara do Comércio, da Indústria e dos Serviços de Caracas estima que, nos últimos três anos, 40% das empresas venezuelanas desses três setores desapareceram. “Estamos batendo recordes que em teoria são inimagináveis”, diz Pacheco. “Se me perguntassem em 2012, eu diria que seria muito difícil aguentarmos mais cinco anos. Mas muitos continuam aqui.”

Ex-presidente da Fedecámaras, o empresário do setor metalmecânico Jorge Roig compara, com tristeza, o momento atual com 2010, ano que ainda guarda na memória como sinônimo de “bonança”. “Ainda era produtivo. A obtenção de divisas, apesar de não muito transparente, era abundante para o setor privado. A tragédia começa partir de 2010, e de 2015 para cá só se agrava”, relata durante um almoço em Mercedes, bairro que se mantém como oásis de bares e restaurantes em meio à escassez que vive o país. Roig conta que o setor antes trabalhava a 70% de sua capacidade e hoje o faz a 20%.

Em 1998, ano em que Chávez foi eleito pela primeira vez, o parque industrial era composto por 12.700 fábricas. Hoje são 4.000. Atualmente, a indústria venezuelana trabalha, em média, a 32,4% de sua capacidade, sendo algumas a 10% ou menos.

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https://www.osul.com.br/nos-ultimos-tres-anos-40-das-empresas-venezuelanas-desapareceram/ Nos últimos três anos, 40% das empresas venezuelanas desapareceram 2017-08-15
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