Quinta-feira, 27 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de agosto de 2019
A revelação do jornal El País e do The Intercept Brasil de conversas de membros da Operação Lava-Jato sobre o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), selou a indisposição do Supremo com o procurador da República Deltan Dallagnol. Se o CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) não o afastar, afirmam integrantes da Corte até hoje isentos de citações, alguém fará isso pelo órgão. O apoio aos métodos do chefe da força-tarefa de Curitiba (PR) é minguante. A segunda parte do inquérito que apura o hackeamento chega ao Supremo nos próximos dias.
Nos novos diálogos, procuradores admitem, entre risos, buscar informações contra o ministro na Suíça. Eles dizem ter “ouvido falar” de uma suposta ligação entre Gilmar e Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, suspeito de ser operador do PSDB, e, a partir daí, traçam medidas que, ao cabo, visavam afastar o ministro do STF.
Ao contrário do que houve nas mensagens reveladas anteriormente, neste caso não há qualquer suspeita formalizada, uma indicação em delação e nem mesmo em uma negociação de colaboração. Os procuradores, Deltan entre eles, chegam a fazer piada com o fato de serem impedidos pela lei de investigar um integrante do Supremo.
Para membros do Judiciário, esse contexto agrava sobremaneira a situação política de Deltan Dallagnol. Fica claro, analisam, que ele e os colegas sabiam que o que faziam era uma ilegalidade, que tinham ciência de que estavam extrapolando seus limites.
O volume do material que compõe o inquérito que apura o hackeamento de autoridades é tão grande que a parte que já chegou no STF nem sequer foi autuada. O destinatário é o ministro Alexandre de Moraes.
Pessoas próximas a Moraes, ministro que relata inquérito que apura ataques e fake news contra o Supremo, dizem que, se após análise ele entender que há algo voltado especificamente contra o tribunal, pode desentranhar trechos específicos e remetê-los à guarda da corte na investigação que já conduz.
Raquel Dodge
Integrantes da Procuradoria-Geral da República voltaram a descartar as chances de Raquel Dodge agir de ofício contra Dallagnol, ainda que publicamente cobrada a fazê-lo. O Conselho Nacional do Ministério Público debate o caso do procurador de Curitiba na semana que vem.