Sexta-feira, 12 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de setembro de 2025
As regras em vigor determinam que 65% dos depósitos vão para os financiamentos imobiliários
Foto: Fernando Frazão/Agência BrasilO novo modelo de crédito imobiliário que está sendo preparado pelo Banco Central (BC) deve ser colocado em testes ao longo de 2026 e, se aprovado, entrar em vigor a partir de 2027. A informação foi compartilhada pelo presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia.
Ele participou de uma reunião nesta semana em Brasília, com a diretoria do Banco Central — incluindo o presidente, Gabriel Galípolo —, além dos representantes de outras associações setoriais, o Sindicato da Habitação (Secovi-SP) e a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).
O setor vem propondo que, para o novo modelo de crédito, o BC faça um teste utilizando até 5% dos depósitos da caderneta de poupança que ficam parados na forma de compulsório. No encontro, a autoridade financeira sinalizou que fará o teste, embora não tenha definido o porcentual de recursos que serão destinados a isso numa primeira etapa.
“Eles disseram que topam fazer o teste, o que está aderente ao nosso pleito”, contou Correia. “Não sabemos ainda se vai ser 1%, 2% ou 5%, mas será com recursos do compulsório. A ideia é fazer um teste durante 2026 e, se validado, entraria em operação em 2027”. Há chance de o teste começar ainda neste ano. “Com o teste, poderemos entender se, realmente, os objetivos finalísticos de aplicação no mercado imobiliário estão funcionando”, emendou.
Oficialmente, a proposta em estudo não foi formalizada. Mas, conforme discutido nos bastidores, a premissa é aumentar a oferta de recursos para o crédito imobiliário mexendo nas regras de direcionamento dos depósitos na caderneta.
As regras em vigor determinam que 65% dos depósitos vão para os financiamentos imobiliários, enquanto 20% são guardados como colchão de liquidez na forma de compulsórios, e só 15% podem ser usados livremente pelos bancos.
Como forma de estimular os negócios, o BC propõe que, a cada real que o banco destinar ao crédito imobiliário, ele seja autorizado a tomar o mesmo valor da caderneta para aplicar de forma livre, como em outras modalidades de empréstimos em que pode cobrar juros maiores.
A lógica é estimular os bancos a ampliar o financiamento da habitação para terem o direito de pegar mais recursos da caderneta e abastecer outras linhas em que lucram mais (cheque especial, consignado, financiamento veicular etc) em vez de deixar o dinheiro parado nos compulsórios.
Sempre que um valor for contratado, o banco poderá tomar os recursos da poupança para uso durante um período de 5 anos. Mas, para isso funcionar, o prazo para o mutuário pagar o crédito imobiliário deve ser de 30 anos. Se o prazo for de 15 anos, por exemplo, aí o banco poderá tomar o mesmo montante por até 2,5 anos. “Há uma proporcionalidade. Esse é um detalhe importante que não havíamos captado antes e foi esclarecido hoje pelo BC”, relatou o presidente da CBIC.
Os empresários da construção também pediram ao Banco Central a correção do teto de preço de imóveis que podem ser financiados dentro do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Desde 2018, esse teto é de R$ 1,5 milhão. Com o reajuste, o novo valor ficaria entre R$ 2,1 milhões e R$ 2,4 milhões – dependendo do índice de inflação utilizado para correção (como IPCA, INCC, IGP-M etc).
“Entendemos que seria válido corrigir esse valor que está valendo desde 2018. Esse foi um pedido do setor”, afirmou o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato Correia. “O Banco Central vê esse pedido com bons olhos pelo tempo percorrido desde o último ajuste”, disse Correia. A palavra final sobre eventuais ajustes no SFH compete ao Conselho Monetário Nacional (CMN) – órgão do qual o Banco Central faz parte.
Se aprovada, a medida permitirá que a população compre moradias de valores mais altos podendo contar com financiamento bancário com recursos originados nas cadernetas de poupança, em que as taxas de juros são menores do que as praticadas no livre mercado.
Em 2018, o CMN elevou o teto do SFH para R$ 1,5 milhão. Antes disso, era de R$ 950 mil nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. No resto do País, o limite de financiamento era de R$ 800 mil. Na ocasião, o CMN elevou o limite de preços e unificou a régua para todas as regiões. (Com informações do jornal O Estado de S. Paulo)