Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 12 de março de 2022
Eleito em dezembro para a presidência do Chile e com cerimônia de posse realizada na noite desta sexta-feira (11), Gabriel Boric, 36 anos, prestou juramento com a promessa de transformar o país em um exemplo de progressismo, inclusive nos costumes. Ele inclusive se disse orgulhoso por promover um “governo feminista”, já que 14 dos 24 novos ministros são do sexo feminino.
O ex-dirigente estudantil e deputado pela Frente Ampla, partido de esquerda, prometeu promover um Estado de bem-estar social com consciência ecológica e de respeito às diferenças.
Também incluiu em sua lista de objetivos batalhar pela redução de desigualdades sociais e econômicas, dentre outras disparidades no país andino, que amargou de 1973 a 1990 uma das mais severas ditaduras da América Latina, sob o comando do general Augusto Pinochet.
A cerimônia de passagem da faixa pelo conservador Sebastián Piñera para o novo mandatário foi realizada no aconteceu no Congresso, localizado no porto da cidade de Valparaíso, a 150 quilômetros de Santiago. Já o discurso de posse, à noite, teve como cenário o balcão do Palácio de La Moneda, na capital.
Ao ser finalmente empossado, um sorridente Gabriel Boric foi bastante aplaudido pelo público, em meio ao qual se destacavam ao menos 20 convidados internacionais – incluindo os presidentes Alberto Fernández (Argentina) e Pedro Castillo (Peru), além do rei Felipe VI da Espanha.
Jair Bolsonaro não compareceu, sendo representado pelo vice, Hamilton Mourão. Já a ex-presidente Dilma Rousseff estava na cerimônia, ao lado do argentino Alberto Fernández, que fez questão de avisar o anfitrião sobre a presença da petista, que recebeu um forte abraço do novo chefe de Estado.
Em seguida, Boric assinou a ata e cantou o hino nacional com a mão no peito, antes de se despedir de Piñera com um aperto de mão. O já ex-presidente deixou o salão do Congresso Nacional acompanhado de sua mulher e também sob aplausos.
Maioria feminina no primeiro escalão
Também foram juramentados todos os 24 ministros do novo Gabinete, dos quais 14 são mulheres e vários fazem parte da trajetória política do novo presidente desde os tempos do movimento estudantil, no início da década de 2010. Além do “orgulho pelo gabinete feminista”, ele exaltou o fato de ter como titulares de pastas de primeiro escalão seis pessoas que nasceram e cresceram no exílio durante a ditadura.
Boric, que é deputado desde 2014, tornou-se o presidente mais jovem da história do Chile. Ele vai liderar um país que encerra um ciclo de política tradicional, abalado pelos protestos sociais de 2019 e, posteriormente, pela crise econômica causada pela pandemia do coronavírus.
“Faremos o possível para enfrentar os desafios que enfrentamos como nação”, declarou a um grupo de repórteres que se acotovelavam no local após a cerimônia no Congresso. Ele estava visivelmente emocionado.
A partir de agora, o mundo está de olho em seu desempenho, que estará condicionado a uma série de questões, entre elas e com destaque a aprovação, ou não, de uma nova Constituição, no plebiscito previsto para o segundo semestre deste ano.
O novo governo deverá, também, encarar temas como a crescente imigração de venezuelanos, colombianos e haitianos, que a direita vincula a um aumento da violência no país; a tensão entre a comunidade mapuche e autoridades regionais; o aumento da inflação e a desaceleração da economia, e as demandas por transformar o Chile num país menos desigual.
A nova equipe no poder, no entanto, terá de governar com um Parlamento fragmentado, no qual a aliança pela qual Boric se elegeu, formada pela Frente Ampla e pelo Partido Comunista, elegeu no pleito legislativo em novembro apenas 37 dos 120 deputados.