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Mundo “O ataque sexual mudou minha vida para sempre”, disse a psicóloga que acusou o juiz indicado por Donald Trump para a Suprema Corte

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Christine Blasey Ford faz juramento antes de depor perante o Comitê Judiciário do Senado dos EUA. (Foto: Reprodução)

Em seu depoimento diante da Comissão de Justiça do Senado dos EUA, a psicóloga Christine Blasey Ford, de 51 anos, contou de forma emocionada, mas contundente, como foi atacada sexualmente pelo juiz Brett Kavanaugh, indicado para a Suprema Corte pelo presidente Donald Trump.

Ela declarou ter recebido ameaças de morte e que teve seu e-mail hackeado depois que decidiu revelar a agressão sofrida quando tinha apenas 15 anos, no início dos anos 80, numa festa da escola. Disse ainda que nunca vai esquecer o ataque, e que o episódio a assombra desde então.

“A agressão mudou minha vida para sempre”, contou. “Durante muitos anos, tive medo demais de contar a alguém o que aconteceu.” A psicóloga disse que decidiu depor porque considerou que este era seu dever: “Estou aqui não porque quero estar. Estou apavorada. Estou aqui porque acredito que é meu dever cívico contar aos senhores o que aconteceu comigo quando Brett Kavanaugh e eu estávamos no ensino médio”, disse.

O que está em jogo no depoimento é a confirmação do nome de Kavanaugh para o Supremo. Se ele for nomeado, a corte – que hoje tem quatro juízes conservadores e quatro progressistas – terá uma maioria conservadora sólida por muitos anos, uma vez que o cargo é vitalício.

Em relação às suspeitas de que seu depoimento é uma jogada política, a psicóloga disse: “Sou uma pessoa independente, não sou um fantoche”. Christine Ford relatou aos senadores, com a voz falhando por vezes, os mínimos detalhes da agressão. Ela afirmou ter “100% de certeza” de que o juiz foi a pessoa responsável pelo abuso do qual foi vítima, e afirmou que na ocasião teve medo de morrer.

“Quando cheguei à festa, as pessoas estavam bebendo cerveja na sala de estar no primeiro andar da casa. Tomei uma cerveja naquela noite. Brett e seu amigo Mark Judge estavam visivelmente bêbados”, afirmou. “Subi um lance estreito de degraus que levava da sala de estar ao segundo andar para usar o banheiro. Quando cheguei ao topo da escada, fui empurrada por trás para dentro de um quarto.”

Segundo ela, Brett e Mark entraram no quarto atrás dela e trancaram a porta. “Já havia música tocando no quarto, e eles aumentaram o volume. Fui empurrada para a cama e Brett pulou em cima de mim. Ele começou a passar as mãos pelo meu corpo e a pressionar seus quadris contra mim”, recordou.

Ela lembra que tentou gritar, esperando que alguém no andar de baixo a ouvisse, enquanto tentava afastar Brett, mas ele era pesado. “Ele me apalpou e tentou tirar minhas roupas. Não conseguiu, porque estava muito bêbado e também porque eu estava usando um maiô sob a roupa”, disse Christine. “Eu achei que ele ia me violentar. Tentei gritar por socorro. Mas Brett tapou minha boca para me impedir.”

Para a psicóloga, isso foi o que mais a apavorou e teve o impacto mais duradouro em sua vida. Algo que não conseguiu esquecer e que causou ataques de pânico mais tarde. “Eu não conseguia respirar, e eu pensei que Brett fosse me matar acidentalmente”, afirmou.

A certa altura, segundo Christine, Mark pulou na cama duas vezes enquanto Brett ainda estava em cima dela. “Então nós caímos e consegui me libertar. Saí correndo do quarto e entrei num banheiro do outro lado do corredor. Me tranquei lá. Ouvi Brett e Mark saírem do quarto rindo e falando alto, descendo as escadas e batendo nas paredes. Esperei e, quando não os ouvi subindo as escadas de volta, saí do banheiro, desci e saí da casa pela porta da frente. Senti um enorme alívio ao perceber que os dois não estavam vindo atrás de mim”, narrou.

Questionada pelo senador democrata Patrick Leahy sobre a sua memória mais forte da agressão, Christine respondeu que não consegue se esquecer das risadas entre Brett e Mark, que, nas suas palavras, claramente “se divertiam às suas custas”. “Eu estava embaixo de um deles, enquanto os dois riam. Eram dois amigos se divertindo muito um com o outro.”

A transmissão televisiva do depoimento está sendo acompanhada por pessoas em várias partes dos Estados Unidos, incluindo pelo presidente Donald Trump, segundo a Casa Branca.

Depois do depoimento, ela foi interrogada por uma promotora contratada pelos republicanos, Rachel Mitchell, que tentou, sem sucesso, expor falhas em sua memória da época da agressão. Além de Christine, Deborah Ramirez e Julie Swetnick acusam o juiz de má conduta sexual nos anos 1980. Outras duas mulheres em anonimato enviaram cartas a senadores denunciando terem também sido vítimas de abusos sexuais por Kavanaugh.

Depois de Christine, Kavanaugh também prestou depoimento ao Senado e negou as acusações, posição que tem adotado desde que a história veio à tona, no dia 16. Ele procurou não desmentir a versão de Christine. “Eu não estou questionando que ela tenha sido atacada sexualmente, mas eu nunca fiz isso com ela ou qualquer pessoa”, disse.

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