Brasil O ex-general Mourão criou uma nova crise na campanha de Bolsonaro, que agora tenta silenciar o seu vice
Por Redação O Sul | 27 de setembro de 2018
A nova polêmica disparada pelo candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), o general Hamilton Mourão (PRTB), gerou uma nova crise na campanha do líder das pesquisas de intenção de voto à Presidência. O entorno do candidato quer silenciar o militar da reserva.
Em palestra no interior do Rio Grande do Sul, Mourão chamou o décimo-terceiro salário de “jabuticaba brasileira”. Ato contínuo, Bolsonaro fez publicar em sua conta no Twitter uma reprimenda a quem critica o direito trabalhista, que seriam pessoas que desconhecem a Constituição. Em suma, desautorizando o seu vice.
Mourão não deverá ir, segundo informou o PSL, a dois debates entre vice-presidentes previstos para a semana que vem. Um dos encontros será realizado na TV Cultura e outro promovido pela “Folha de S.Paulo”, SBT e site UOL.
Repercussão
De acordo com aliados, Mourão só ficou sabendo da confusão quando já estava na estrada, a caminho de Porto Alegre. A um amigo, ele garantiu não ser contra o décimo-terceiro salário e que a sua fala havia sido “retirada de contexto”.
O vice de Bolsonaro afirmou, ainda, que apenas pintava o quadro geral dos elementos de custo-Brasil com os quais o empresariado tem de lidar, sem dizer que é a favor de acabar com o benefício. Esse argumento foi repetido em entrevistas à imprensa, mas o estrago já estava feito.
A reação da campanha de Bolsonaro foi rápida, em contraposição a crises recentes. Na semana passada, o próprio general havia falado que “lares com a mãe e a avó eram fábricas de desajustados”. Ele foi então enquadrado pelo comando de campanha do PSL para que moderasse as suas declarações. Pelo visto, sem efeito.
Para o amigo que conversou com Mourão, houve precipitação por parte do comando da campanha, que não chegou a falar com o general antes de desautorizá-lo.
O grupo de generais da reserva que trabalha no programa de governo de Bolsonaro ficou contrariado com a velocidade da reação, mas quer evitar um choque direto e disse entender a necessidade de tentar conter a inevitável “viralização” da fala. Há a expectativa de que Bolsonaro e ele conversem sobre o caso.
Nas campanhas adversárias, a nova polêmica soou como música. Se a recriação da CPMF, aventada e depois negada, foi parar nas peças de propaganda do PSDB, estrategistas já iriam incluir a “extinção do décimo-terceiro” no próximo programa nacional, nesta noite.
Mourão, um militar que ainda na ativa, notabilizou-se por declarações polêmicas, está no centro das atenções desde que Bolsonaro foi esfaqueado durante ato de campanha em Juiz de Fora (MG), no dia 6. Ele cogitou substituir o candidato em debates, atraindo a ira da família de Bolsonaro, e sua visibilidade e frases incompatíveis com o marketing eleitoral o levaram a ser questionados pelo grupo partidário da campanha.
Guedes
Já o “guru econômico” de Bolsonaro, Paulo Guedes, sugeriu um imposto nos moldes da CPMF (a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira, praticada no País entre 1997 e 2007), a fim de unificar tributação. Em seguida, voltou a público para dizer que “não era bem assim”, com o próprio Bolsonaro saindo em sua defesa.
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