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Teatro & Dança “O Brasil virou o primeiro País em ranking de ansiedade”, diz a atriz e dramaturga Denise Fraga

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Denise Fraga costuma recorrer aos clássicos, à música e à poesia em diversos momentos de sua vida. (Foto: Reprodução)

Denise Fraga costuma recorrer aos clássicos, à música e à poesia em diversos momentos de sua vida. E é justamente esse um dos trunfos da peça “Eu de Você”. O monólogo, idealizado e criado por ela, tem direção de seu marido, Luiz Villaça, e volta com nova temporada no Teatro TUCA, em São Paulo (SP), a partir do dia 19. “Quando você está vivendo uma coisa cotidiana que é um sofrimento, se você tem a arte pra se segurar, você tem uma tábua de salvação”, disse Denise sobre a relação das obras que cultua com o monólogo. Experiente no teatro, a atriz conta que, ao longo dos anos, percebeu uma diminuição na percepção de ironia e metáfora pelo público nas apresentações de seus espetáculos. “As pessoas ficaram com o código poético destruído e esvaziado. Uma piada mais sutil talvez seja compreendida só por 20% da plateia”, afirmou ela ao jornal O Estado de S. Paulo. Eu de Você também será objeto de um documentário que retrata o processo de retorno da atriz ao palco de um teatro vazio, durante a pandemia. Leia abaixo alguns trechos da entrevista.

Em “Eu de Você” você traz muitas falas sobre poesia, música e literatura. São coisas a que você recorre na sua vida quando precisa dar um respiro dos problemas? “Quando veio a ideia da gente fazer ligações da vida cotidiana com trechos da literatura, da poesia e da música, a peça fez um sentido danado para mim. É como se carimbasse até uma ideia do porquê que eu fiz as outras peças. Quando decidi fazer o teatro, o teatro que eu acredito, foi porque eu pego uma coisa na estante e penso ‘olha como o que esse cara escreveu há quase 100 anos dá voz para a sua angústia de hoje, como tem a ver com o que você sente e como ele, de certa maneira, faz você compreender a diversidade do que você está vivendo’.”

Você já disse que a arte ajuda a gente a viver, que quem lê Dostoiévski e Fernando Pessoa, no mínimo, vai sofrer mais bonito. Por quê? “Quando você está sofrendo, se você tem a arte pra se segurar, você tem uma tábua de salvação. A arte faz você se sentir pertencente a um negócio muito maior, que é a roda da humanidade. Todo mundo sofre e, às vezes, você tem nas palavras de outras pessoas algo para representar isso. Você não deixa de sofrer, mas você tá ali chorando e pensa ‘é igual aquele poema do (Fernando) Pessoa’. Você continua chorando, mas tem o poema para ler, tem música do Chico (Buarque) pra cantar… Vai te trazer algum conforto. É o que eu sempre falo: a lucidez não nos livra dos dramas.”

Acha que o brasileiro, no geral, precisaria ter mais contato com cultura para viver melhor?Acho que a gente tá vivendo um empobrecimento intelectual, subjetivo e poético, que, na verdade, é fruto da velocidade que se impingiu com a vida virtual. Acho que uma velocidade absurda, quase inumana, foi colocada na nossa vida. Temos que cumprir coisas que são praticamente impossíveis de cumprir. Por isso, temos esse show de crises de ansiedade. O Brasil virou o primeiro País em ranking de ansiedade. Um ranking absurdo para um País que era o País do jogo de cintura. Nada dá tempo. Você fica meio perdido nesse lugar e tudo fica muito rasteiro. Se você põe um texto grande na internet, já falam ‘lá vem textão…’. Ninguém quer ter muito trabalho intelectual e poético diante dessa coisa tão multifacetada e tão pulverizada.”

Você consegue observar isso no público?Estou na estrada viajando com o teatro desde 2006. A maioria das minhas peças não é exatamente cômica, mas nelas você ri e se emociona. Eu sinto uma resposta sonora da plateia pelo humor. A risada não é sempre igual, não é só ha ha ha. Você passa a ler a risada de ouvido e eu sinto que nesses anos há uma queda da percepção de ironia e de metáfora. As pessoas ficaram com o código poético destruído e esvaziado. Uma piada mais sutil talvez seja compreendida só por 20% da plateia. E eu me preocupo, em tudo que faço, de não ser fácil, mas ser claro. Eu não sei você, mas eu lia muito mais antes. Hoje a pilha de livros que eu quero ler cresce na minha mesa e não consigo tempo. Quando você vê, o WhatsApp já te absorveu.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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