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Colunistas O capitalismo autopredatório do comércio varejista

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Comércio varejista bate cabeça e faz como aquele animal marinho que come o próprio cérebro. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A história a seguir mostra que o comércio varejista bate cabeça e faz como aquele animal marinho que come o próprio cérebro.

Fui à loja Magazine Luiza com o intuito de comprar uma máquina de secar roupas. O preço no site da loja era de R$ 1.481,00.

Na loja no shopping, a mesma máquina estava com um cartaz em oferta. Sim, em oferta…por R$ 1.900,00. Genial, não?

Perguntei para a vendedora e está, secamente – parece que os funcionários da loja tomam Red Bull (estão ultra motivados, foi o que me disse a gerente, cujo cargo agora é Liderança) – que era assim mesmo, porque no site (da própria Loja) não existe a despesa. A loja paga aluguel, funcionários etc.

Insisti, agora com a Liderança: mas, explique-me as razões de essa diferença ser tão grande, sendo que está em oferta? Essa diferença é normal?

A Liderança respondeu que no site da loja o preço é bem mais barato e receberei a mercadoria dias depois. Já na loja física, em dois dias no máximo.

Hum, hum. Liguei para o SAC da Rede. A moça Loueli atendeu e me disse a mesma coisa. Claro que ela nem sequer sabia bem do que eu falava, além do problema do barulho na linha. Esses SACs de lojas… Bom, ao menos havia uma pessoa que me atendeu. Outros SACs nem isso têm.

Fui a uma loja ao lado ver um produto e comentei o assunto. E o gerente disse: normal aqui. Eu mesmo compro dele no site e retiro na Loja. Bingo.

Resumo da ópera: um produto “em oferta” (essa oferta é puro potássio:kkkkk) custa quase um terço a mais do que no site da própria loja, também em oferta! Viva as ofertas de nosso comercio.

Nas lojas de vinho não existe preço do vinho. Sempre assim: de 300 reais por 145. Sempre em oferta. Este é um país de ofertadores.

O comércio virtual vai matar o comércio físico. Os shoppings servirão apenas para tomar café e comer bolinho, porque estes ainda não podem ser virtuais. Embora até o café já venha em cápsula e as pessoas fazem na sua casa.

Socorro, estamos perdidos. A pós-modernidade está acabando com os empregos. Se posso comprar na loja virtual do magazine e receber na própria loja, por qual razão o magazine não me vende diretamente por um preço menor?

O mundo está ficando líquido demais. Nos EUA, as pequenas cidades foram fagocitadas (no sentido ruim do termo) pelo Wal-Mart. Que vendia de tudo. Somando os pequenos comércios, não dava o Wal-Mart. Os centros das pequenas cidades agora só vendem café e cerveja. Roupas, quinquilharias, torradeiras, secadores? Nas grandes redes.

Dia desses fui à Santa Catarina. E, em um posto de gasolina perto de uma grande loja, do tamanho da Wal-Mart nas cidades americanas, o frentista disse: legal essa loja. Para nós, que vendemos gasolina, porque isso a tal loja ainda não vende. Mas a vizinhança quebrou. Sobrou uma loja de hambúrgueres.

Tempos de pós-modernidade. Ou tempos de murici, em cada um cuida de si. E os empregos se esfumaçam. Ah: tem de ver os motivadores de vendedores de lojas. Coachs. Bom, com a concorrência predatória do comércio virtual, só ficando pilhado o dia todo para concorrer…e às vezes, consigo mesmo! (Lenio Streck)

 

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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https://www.osul.com.br/o-capitalismo-auto-predatorio-do-comercio-varejista/ O capitalismo autopredatório do comércio varejista 2019-11-23
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