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Tito Guarniere O capitão vai à guerra

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Presidente defendeu que não existe 'cor de pele melhor do que as outras'. (Foto: Alan Santos/PR)

Era certo que Jair Bolsonaro ficaria chateado com a derrota de Donald Daqui-Não-Saio-Daqui-Ninguém-Me-Tira Trump. Ele tem por hábito dizer uma bobagem, mentira ou grosseria a cada 24 horas. Há dias que ele está inspirado e ataca em cada uma dessas categorias de intervenção. Quando ficou claro que o amigão de infância Trump tinha ido para o vinagre na eleição americana, simplesmente surtou.

Numa só jornada, Bolsonaro comemorou a interrupção no Brasil da pesquisa clínica da vacina chinesa Coronavac, disse que o Brasil é um país de maricas e ameaçou declarar guerra contra os Estados Unidos. O homem estava possuído.

A declaração de guerra deu frio na espinha. Não foi uma ameaça contra a Bolívia, o Peru, Trinidad-Tobago. Se uma guerra é necessária, que seja contra a Argentina – temos diferenças históricas com los “hermanos”, e ao menos seria mais perto. Mas não – o homem tinha de escolher a maior potência armada do planeta como inimiga.

Lembra a velha anedota da republiqueta de banana, em frangalhos, inflação a mil, o povo protestando nas ruas contra a corrupção, pedindo o fim da ditadura. No desespero da situação, os generais da inteligência militar – que, segundo Marx, Groucho, é uma contradição em termos – apresentam um plano: “Nós declaramos guerra aos Estados Unidos, eles vencem, ocupam o país e terão de dar conta do estrago. Virá dinheiro, recursos, investimentos…”. O tirano foi até as amplas janelas do palácio, olhou para fora algum tempo, e se voltou para os coleguinhas: “O plano é bom. Mas e se a gente ganhar a guerra?”.

Se houver guerra, quero antecipar minha posição. Com a licença do meu amigo doutor Rolf, adotarei o lema: ou mato ou morro. Ou me escondo no mato ou fujo para o morro. Só irei para o front levado à força, mais ou menos como o Trump terá de sair da Casa Branca. Não faz sentido sair da quarentena da Covid-19 para entrar na guerra, que é muito mais perigosa.

Bolsonaro, se declarar guerra a Biden, que peça socorro a Trump – ele conhece os códigos e segredos do Pentágono, e pode ser muito útil para o nosso lado. Mais: poderá trazer reforços importantes para as nossas tropas – caminhoneiros (a maioria deles votou em Trump nas duas eleições), policiais violentos, supremacistas brancos, uma brigada da Ku-Klux-Klan, marines desempregados, e gente assim. Porque se depender dos nossos soldados, no país de maricas, será um novo 7×1.

Se o caso é de mostrar lealdade, que Bolsonaro ofereça asilo político a Trump. Afinal foi amor à primeira vista. Dizem que Trump tem umas contas a ajustar com a Justiça americana – o que vem a calhar. Trump poderia viver sob a proteção de nossa bandeira e Bolsonaro, numa reforma ministerial, poderia nomeá-lo conselheiro especial. É uma vantagem enorme imitar o modelo de perto, em carne e osso.

É boa hora também de trazer Olavo de Carvalho para uma antessala do Palácio. Poderia vir no mesmo voo de Trump. Além da economia na passagem, Trump viria batendo um papo cabeça com o filósofo mais influente do regime, e de quebra chegaria ao Brasil familiarizado com os nossos palavrões mais cabeludos.

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https://www.osul.com.br/o-capitao-vai-a-guerra/ O capitão vai à guerra 2020-11-21
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