Por Gisele Flores | 27 de dezembro de 2025
Alexandre Lau destaca os perigos dos óculos de sol falsificados para a saúde dos olhos.
Foto: Lau Center Ótica
O sol que ilumina os dias no Rio Grande do Sul carrega uma ameaça invisível. Pela posição geográfica e pela maior rarefação da camada de ozônio no Sul do país, o estado figura entre os que registram os índices mais elevados de radiação ultravioleta (UV) do Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nesse cenário, surge um impulso traiçoeiro: a compra de óculos de sol no comércio informal, que pode se transformar em um gatilho silencioso para doenças oculares e envelhecimento precoce.
Para Alexandre Lau, fundador da Lau Center Óptica e profissional do ramo óptico, o alerta precisa ser levado a sério. “Óculos de sol não são apenas acessórios de moda. São equipamentos que nos auxiliam na proteção biológica. Quando essa função de proteção UVA não existe, o dano pode ser irreversível”, afirma.
O risco está no chamado “efeito traição” das lentes falsificadas. Ao escurecer o ambiente, a pupila dilata — processo natural chamado midríase. Com o uso de lentes falsas, essa dilatação permite que os raios nocivos atinjam diretamente a retina. “A lente pirata é apenas plástico escuro. Sem o filtro químico que bloqueia raios UVA e UVB, a pupila aberta deixa a radiação bombardear a retina. É mais nocivo do que não usar óculos, porque, sem eles, a pupila estaria contraída, funcionando como proteção natural em um movimento chamado miose”, explica Lau.
O resultado é uma exposição intensa e silenciosa, associada ao aumento do risco de catarata, degeneração macular precoce e lesões na córnea, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia.
Nas lojas especializadas, a proteção pode ser comprovada pela procedência dos produtos e pela tecnologia utilizada. A Lau Center, por exemplo, emprega o UV Meter, equipamento que mede se a lente bloqueia radiação de até 400 nanômetros, padrão considerado seguro. “Muitos clientes chegam com óculos cheios de selos falsos. No teste, a proteção é zero. O alerta é de suma importância”, relata Lau.
Outro ponto pouco conhecido é a vida útil das lentes. O filtro UV se degrada com o tempo, o suor e a maresia. Lentes riscadas ou envelhecidas, desgastadas pela limpeza contínua, permitem a passagem da radiação.
A recomendação é trocar as lentes a cada dois anos. “Isso é perfeitamente possível com baixo investimento”, sugere Lau.
Os danos não se limitam à visão. O Rio Grande do Sul lidera os índices de câncer de pele no país, e as pálpebras estão entre as áreas mais vulneráveis. “Óculos de sol de qualidade funcionam como um verdadeiro ‘botox natural’. Eles evitam que a pessoa force os olhos, prevenindo rugas, e criam uma barreira física contra o câncer em uma região onde raramente se aplica protetor solar”, acrescenta.
No fim, o barato cobra seu preço. “O custo de uma lente sem proteção aparece anos depois, no consultório médico. Saúde visual não se negocia em calçada”, resume Lau.
Check-list da saúde visual:
“Cuide de onde adquirir seus óculos solares. Cuide de seu bem maior: sua visão. E curta o verão com segurança”, finaliza Alexandre Lau.
