Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de junho de 2017
A defesa da renúncia do presidente Michel Temer feita pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado nessa segunda-feira na Folha de S.Paulo provocou reações imediatas no Congresso. FHC defendeu que Temer tenha a “grandeza de abreviar o seu mandato”. Como saída para a crise política, o ex-presidente sugere ainda que sejam convocadas eleições gerais.
Para o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), o artigo de FHC não reforça o apoio de deputados tucanos à denúncia contra Michel Temer que deve ser apresentada até esta terça-feira. “A carta não servirá como alforria, a bancada já é livre para a tomada das suas decisões”, disse. A manifestação de FHC foi publicada no momento em que é aguardada uma denúncia contra o peemedebista por parte da PGR (Procuradoria-Geral da República).
Para que Temer se torne réu, é necessária uma autorização prévia da Câmara dos Deputados com pelo menos 342 votos favoráveis. O Ministério Público deve concluir nesta segunda uma peça de acusação a Temer. Entre os pontos que serão apresentados está a perícia do áudio em que o presidente foi gravado pelo empresário e delator Joesley Batista, do grupo J&F. A Polícia Federal concluiu na sexta-feira que o material não sofreu edições. Cunha Lima diz ainda que a crise que o país está vivenciando “era previsível”. Segundo ele, a proposta de FHC para que sejam realizadas novas eleições conta com o apoio dele, embora reconheça que a iniciativa enfrentaria dificuldades.
“Sempre acreditei ser uma opção muito melhor do que o impeachment”, disse. Contudo, o tucano diz não ver disposição de Temer renunciar ao cargo e nem de disposição de integrantes do Congresso de abrir mão do mandato. Deputado próximo a Temer, Beto Mansur (PRB-SP) classificou a proposta de Fernando Henrique como “inviável” e “inócua”, pois o tempo que levaria para colocá-la em prática chegaria praticamente ao início da campanha oficial do ano que vem. Ele também relativizou o peso do posicionamento de FHC.
“Não vejo ele como uma grande liderança do PSDB, com toda sinceridade, sem querer diminuí-lo. Ele pode ser uma pessoa que tem opinião, e acho isso ótimo porque ele tem tempo de estrada, teve uma participação importantíssima na redemocratização do país, mas não quer dizer que ele vá influenciar o PSDB como um todo. Ele tem uma opinião que, pelo que estou vendo, o Doria [João Doria, prefeito de São Paulo] não tem. O Alckmin [Geraldo Alckmin, governador de SP] também não tem”, afirmou Mansur.
Para o deputado, Michel Temer precisa se defender e não seria positivo que ele antecipasse o fim do mandato. “Mantém o Michel. Não dá para trocar o Michel agora. Ele tem o direito de se defender. Ele está aí cheio de denúncias, o Congresso Nacional não tem que encobrir absolutamente nada. [Mas] ele tem o direito de se defender e quer se defender”, afirmou Mansur.
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) também criticou a proposta de Fernando Henrique, chamando as sugestões de “contraditórias”. “Trata-se de uma chuva de ideias, algumas até contraditórias. Elogia o governo, mas sugere a renúncia. Defende a legalidade, mas pede a alteração da Constituição Federal. Eu sou defensor do devido processo legal e não acredito em remendos na Constituição como solução para crises”, disse Marun.