Sexta-feira, 26 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 5 de janeiro de 2020
Os Estados Unidos usaram o drone mais letal de sua frota no ataque que matou o general iraniano Qassem Soleimani em Bagdá, no Iraque. A aeronave não-tripulada chamada MQ-9 Reaper consegue voar em uma altura acima dos aviões comerciais e tem autonomia de voo de até 27 horas. O drone pode alcançar uma velocidade de até 400 km/h e carrega mais de uma tonelada de equipamentos, entre eles os mísseis hellfire.
O ataque veio do ar, veio em silêncio – e foi brutal: os dois mísseis do tipo Hellfire disparados pelo drone americano MQ-9 Reaper, atingiram os dois carros blindados que rodavam no centro de um comboio maior. As ogivas de 10 quilos explodiram com intervalo de 1,2 segundo, segundo relatório do Comando Conjunto de Operações Especiais, do Departamento de Defesa, matando nove pessoas.
O general iraniano Qassem Soleimani era o alvo central. A ação foi o resultado de um longo e complexo processo de apuração de dados de inteligência coletados por agentes de campo, informantes secretos, interceptação eletrônica de mensagens, rastreamento por meio de aeronaves de reconhecimento e “outros meios de caráter reservado”, de acordo com o Pentágono. O procedimento utilizou recursos de tecnologia comprovada. O Reaper é o maior modelo da sua classe, podendo permanecer em voo durante 14 horas com carga externa máxima de 1,4 tonelada – uma combinação de sensores digitais e até quatro Hellfire, com alcance de 500 metros a 11 km, guiados por um feixe de luz laser
O drone foi pilotado, talvez a partir de uma das duas bases especializadas instaladas no estado de Nevada, no centro-oeste dos EUA, próximo das Montanhas Rochosas. A localização exata não foi revelada. Dois oficiais comandam o avião de 4.700 kg, usando uma constelação de satélites para receber e enviar informações. Um engenheiro da General Atomics, a empresa de San Diego, Califórnia, construtora do drone, disse ontem ao jornal O Estado de S. Paulo que o MQ-9 usa um recurso que elimina o breve intervalo registrado na circulação de sinais da geração anterior das aeronaves, o que faz com que os comandos sejam “efetuados virtualmente em tempo real”.
O comboio de Qassem Soleimani estava nas proximidades do terminal de carga do Aeroporto Internacional de Bagdá quando o carro que o transportava foi atingido. Em terra, do outro lado do mundo, o chefe do voo pode escolher o melhor momento e para liberar os mísseis. Também poderia ter interrompido a missão se houvesse risco de “danos colaterais incontroláveis” – uma forma de definir as baixas e os feridos civis. Um Hellfire custa cerca de US$ 120 mil. O Reaper não sai por menos de US$ 11 milhões. O treinamento do piloto, desde a entrada no centro de treinamento, bate na casa do US$ 1,2 milhão – não considerada a formação básica.
Força secreta
A Força Quds, ou Força Jerusalém, criada em 1980 por um grupo de integrantes da Guarda Revolucionária entre os quais estava Qassem Soleimani, é cheia de mistérios. No organograma da poderosa Guarda, a Quds é um grupo de operações especiais estimado em 15 mil combatentes, voluntários, homens quase todos, embora haja um pequeno time de mulheres até agora nunca formalmente reconhecido.
A Quds mantém cooperação próxima e direta grupos radicais como o Hezbollah, o Hamas, a Jihad Islâmica, as milícias xiitas do Iraque, da Síria e do Afeganistão e com a etnia extremista Houthis, no Iêmen. Na América do Sul estabeleceu relações com o regime de Nicolás Maduro, na Venezuela, e coopera na Ásia com a Coreia do Norte, de Kim Jong-un. Em um raro pronunciamento de Qassem Soleimani a respeito da força, ele a definiu como “uma unidade destinada a levar adiante missões não convencionais onde isso seja necessário”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.