Quinta-feira, 15 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de agosto de 2018
O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância, aceitou nessa quarta-feira a denúncia contra o ex-deputado federal Cândido Vaccarezza e outros nove acusados de envolvimento nos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Quando exercia o seu mandato legislativo, ele foi líder do PT na Câmara dos Deputados. Hoje, aos 62 anos, ele é novamente candidato a deputado federal de São Paulo pelo Avante.
A sua prisão, em caráter temporário, ocorreu em 2017, durante a deflagração da 44ª fase da Operação Lava-Jato, denominada “Abate”. Mas acabou solto em 22 de agosto de 2017, após Sérgio Moro fixar a fiança em R$ 1,5 milhão, que ainda não foi paga.
O despacho, o magistrado sublinhou que “o investigado tem condições de arcar com a fiança e que não está sendo sincero com a Justiça”.
Trajetória em Brasília
Eleito deputado federal em 2006, Vaccarezza se tornou líder do PT na Câmara dos Deputados em fevereiro de 2009. Em janeiro do ano seguinte, passou a liderar o governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Casa, permanecendo na função até março de 2012, já na gestão de Dilma Rousseff à frente do Palácio do Planalto.
Em 2014, não conseguiu se reeleger e atribuiu sua derrota ao PT, do qual desembarcou em agosto de 2016, quando Dilma já havia sofrido o impeachment. Nesse mesmo ano, assinou ficha no PTdoB.
Em 2017, foi preso em São Paulo, durante a 43ª e 44ª fases da Lava-Jato e em agosto do mesmo ano se afastou da presidência estadual do Avante para se dedicar a sua defesa no processo contra ela no âmbito da força-tarefa.
Outros réus
Além de Vaccarezza, passam a responder como réus no processo os seguintes acusados:
– Bo-Hans Vilhelm Ljungberg;
– Bruno Golçalves Luz;
– Carlos Henrique Nogueira Herz;
– Carlos Roberto Martins Barbosa;
– Jorge Antônio da Silva Luz;
– Luiz Eduardo Loureiro Andrade;
– Márcio Albuquerque Aché Cordeiro;
– Paulo Sérvio de Vaz Arruda;
– Rafael Aché Cordeiro.
Esquema ilícito
As investigações desse processo tiveram início após depoimentos de delação do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e miram um esquema de corrupção relativo ao fornecimento de asfalto pela empresa Sargeant Marine à Petrobras.
De acordo com a Lava-Jato, houve pagamento de propinas mediante transferências bancárias no exterior, com base em anotações de agendas e arquivos apreendidos em fases anteriores da operação.
Na decisão, Moro ressaltou que as vantagens indevidas totatizaram US$ 2,1milhões, em troca da contratação da Sargeant Marine como fornecedora de asfalto à estatal petroleira, em detrimento da participação da empresa Asphaltos Trade.
Vacarezza teria recebido US$ 518,5 mil como propina, com o auxílio de Paulo Sérgio Vaz de Arruda. Parte desse valor foi apreendida na residência de Vaccarezza.
“Relativamente ao ex-deputado federal Cândido Elídio de Souza Vaccarezza, observo que há, em cognição sumária, três depoimentos que o incriminam, especificamente de Paulo Roberto Costa, Jorge Antônio da Silva Luz e Bruno Gonçalves Luz”, frisou Moro.