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Por Redação O Sul | 8 de outubro de 2019
O ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot negou-se a comentar na segunda-feira (7) se estava ou não em Brasília (DF) no dia em que teria planejado matar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes. Durante lançamento do livro “Nada menos que tudo”, em uma livraria do bairro nobre dos Jardins, em São Paulo, ele evitou o assunto:
“Hoje é dia do Livro. Hoje é o dia da palavra escrita”, respondeu o ex-procurador-geral ao ser indagado sobre a viagem para uma agenda de trabalho no dia em que teria ido ao Supremo armado para matar Gilmar.
O evento teve público pequeno. O número de jornalistas era maior do que o de pessoas na fila para os autógrafos da obra em que o ex-procurador-geral relata os bastidores de sua passagem pelo cargo. Menos de meia hora depois do início, não havia ninguém na fila. Nenhum nome importante do mundo jurídico compareceu. Foram vendidos 43 livros dos 550 disponibilizados para venda.
Janot chegou 17 minutos atrasado. Ele desceu do carro acompanhado de dois seguranças, que impediam a aproximação dos repórteres. Dentro da livraria, havia um terceiro segurança.
Um lançamento que ocorria no segundo andar da livraria reuniu muito mais pessoas do que a sessão de autógrafos de Janot. A obra “Estudos jurídicos em homenagem a Maria Salgado”, de Graziela Amaral e Luciana Santos, lotou o mezanino.
Na semana passada, o site Jota mostrou que no dia 10 de maio, véspera da data em que Janot disse em entrevistas que entrou armado no STF para atirar em Gilmar, ele viajou para Minas. O então procurador-geral da República só voltou no dia 15.
A informação foi confirmada pelo jornal O Globo, conforme verificado no diário eletrônico do Ministério Público Federal, que registrou que Janot teve compromissos em Belo Horizonte entre os dias 10 e 12 de maio de 2017.
Também ao Globo, a Força Aérea Brasileira confirmou ter dado apoio aéreo para a viagem de Janot a Minas Gerais.
No último dia 27 de setembro, Janot foi alvo de busca e apreensão determinada pelo STF por causa das declarações dadas. O ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a medida, determinou também que ele mantenha 200 metros de distância dos ministros do tribunal.
Planejar um ato ilícito sem concretizá-lo não é crime, mas, no caso de Janot, pode ter implicações disciplinares e civis, pois ele era da ativa e chefiava a PGR (Procuradoria-Geral da República) na época dos fatos. O Conselho Nacional do Ministério Público recebeu representação para investigar a conduta do ex-procurador-geral, que hoje é aposentado.