Quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 4 de julho de 2018
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado que investiga maus-tratos contra crianças e adolescentes aprovou nesta quarta-feira (4) a convocação, pela segunda vez, do ex-técnico da seleção brasileira de ginástica Fernando de Carvalho Lopes.
Por se tratar de convocação, o ex-treinador será obrigado a comparecer à comissão. A data da audiência, contudo, ainda será marcada.
O ex-treinador já prestou depoimento à CPI, em maio deste ano. Na ocasião, negou todas as acusações e afirmou ser vítima de vingança.
Para o senador Magno Malta (PR-ES), presidente da CPI e autor do pedido de reconvocação, porém, no primeiro depoimento, o ex-treinador não esclareceu “todos os fatos que envolvem as denúncias de abusos sexuais de crianças e adolescentes dos quais está sendo acusado”.
Na ocasião em que as denúncias se tornaram conhecidas, o ex-treinador negou as acusações, afirmando que nunca foi um técnico “legal” porque era “muito rigoroso”.
Disse, também, que teve um “problema” por achar que podia ser “amigo”, “pai” e “qualquer outra coisa” dos atletas, o que, na visão dele, deu uma “margem de interpretação errada”.
“Mas, a ponto desse tipo de acusação, eu não tenho o que falar. Eu acho que eles vão ter que provar. Eu sei que eu tenho a minha consciência limpa no que diz respeito que eu nunca estuprei ninguém, que eu nunca molestei ninguém, num intuito como está sendo colocado, entendeu?”, afirmou o ex-treinador.
Caso
Fernando de Carvalho Lopes, ex-técnico da seleção brasileira masculina de ginástica artística é alvo de uma investigação do Ministério Público Estadual de São Paulo por supostos abusos sexuais cometidos contra meninos, menores de idade, durante os últimos anos. O treinador negou todas as acusações e afirmou “tem a consciência tranquila” e que quem o acusa “vai ter que provar na Justiça”.
Fernando de Carvalho Lopes teria cometido os abusos sexuais durante vários anos em treinos, testes físicos e ainda em viagens com vários atletas. A polícia passou a investigar o caso a partir da denúncia de um garoto de 13, identificado como a primeira vítima a relatar o fato.
Segundo a investigação, esse menino procurou os pais, que fizeram a denúncia. “Ele tocava os órgãos sexuais das crianças”, disse a mãe do garoto, que não foi identificada. A segunda vítima que procurou a polícia também é um menino, de 12 anos. Segundo sua mãe, “(Fernando) pedia para olhar o órgão sexual das crianças”.
Foi por conta de uma denúncia de abuso sexual que Fernando de Carvalho Lopes foi afastado da seleção brasileira da modalidade um mês antes do início dos Jogos Olímpicos do Rio, em 2016. O treinador sempre trabalhou com as categorias de base, começou no vôlei e mudou para a ginástica.
Os atletas acusam o treinador de ter se aproveitado da pouca idade e da falta de conhecimento técnico. Segundo eles, o treinador os tocava em suas partes íntimas constantemente. Campeão pan-americano por equipes com a seleção brasileira em Guadalajara, no México, em 2011, Pétrix Barbosa, hoje com 26 anos, confirmou os abusos. “Fernando foi meu primeiro técnico. Essa pressão psicológica num moleque de 10, 11 anos… Banho junto, me espiar… Já acordei com ele, não sei quantas vezes, com a mão dentro da minha calça.”
“Ele sempre perguntava como estava o nosso desenvolvimento. Ele precisava acompanhar o nosso crescimento para poder mudar o treino. E ele pedia para mostrar o pênis”, disse.