Segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de março de 2018
Israel admitiu nesta quarta-feira (21) que atacou e destruiu, em 2007, um suposto reator nuclear secreto da Síria, em uma operação aérea relâmpago contra o país vizinho. Não havia muitas dúvidas sobre a participação de Israel no ataque contra a usina de al-Kibar, na província oriental de Deir Ez-zor, mas é a primeira vez que o país assume abertamente a responsabilidade pelo ataque. O ministro israelense da Defesa, Avigdor Lieberman, afirmou que, com o reconhecimento, o país enviou uma mensagem a todo Oriente Médio.
A Síria sempre negou a existência de um reator nuclear em al-Kibar, mas o OIEA (Organismo Internacional de Energia Atômica) considerou em 2011 “muito provável” sua existência. Os sírios teriam desenvolvido o reator com ajuda da Coreia do Norte.
“Durante a noite do dia 5 para 6 de setembro de 2007, aviões da força aérea israelense atingiram e destruíram um reator nuclear sírio em desenvolvimento. O reator estava a ponto de ser concluído. A operação permitiu suprimir uma ameaça emergente para Israel e toda a região”, acrescenta o comunicado do Exército israelense. “Um reator nuclear nas mãos de [o presidente sírio, Bashar al] Assad teria provocado graves repercussões no conjunto do Oriente Médio”.
Segundo Lieberman, a ação militar em 2007 evitou que a Síria se tornasse hoje uma potência nuclear: “A potência de nossas Forças Armadas, de nossa Aeronáutica e de nossas capacidades aumentaram em relação a 2007. Todos no Oriente Médio devem levar em consideração esta equação”, advertiu Lieberman em um comunicado. “Se não tivéssemos atuado, hoje teríamos uma Síria nuclear”, completou.
O ministro israelense responsável pelos serviços de inteligência, Yisrael Katz, escreveu no Twitter que a operação de 2007 explicou que “Israel não permitirá jamais que a arma nuclear caia nas mãos do que ameaçam sua existência: Síria ontem, Irã hoje”.
O reconhecimento coincide com a multiplicação das advertências por parte de Israel contra o reforço da presença militar iraniana na Síria em guerra e os apelos para se anular o acordo sobre o programa nuclear do Irã, firmado entre as grandes potências e Teerã. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu um prazo até 12 de maio aos europeus para que corrijam os “defeitos” deste acordo firmado em 2015.
“O governo israelense, o Exército e o Mossad impediram a Síria de desenvolver armas nucleares e merecem todo nosso respeito por isso”, afirmou o premier Benjamin Netanyahu pelo Twitter. “A política de Israel foi e segue sendo coerente: impedir nossos inimigos de adquirir armas nucleares.”
A possibilidade de um ataque israelense contra instalações nucleares iranianas foi durante muito tempo objeto de intensas especulações. Em 1981, Israel bombardeou um reator nuclear iraquiano em Osirak, apesar da oposição de Washington.
A admissão do ataque à usina de al-Kibar veio acompanhada de detalhes sobre a operação “Orchard”, que deflagrou um estado de alerta nas Forças Armadas diante da possibilidade de uma guerra. Oito aviões de guerra F-15 e quatro F-16 participaram do ataque, que teve início às 22h30min de 5 de setembro, com os aviões regressando à base por volta das 02h30min. As aeronaves decolaram das bases aéreas de Ramon e Hatzerim e voaram até a região de Deir al-Zor, 450 quilômetros ao noroeste de Damasco. Dezoito toneladas de munições foram lançadas no local, afirmaram.
Imagens do ataque revelam a mira de um dos aviões se fixando em uma ampla estrutura, que explode logo depois. O suposto reator “foi totalmente desativado e os danos causados eram irreversíveis”, destaca o comunicado.