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Colunistas O Facebook, o algoritmo e “os robôs venceram”!

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Assim é a era dos algoritmos. Máquinas. Apenas máquinas e contra as quais nada podemos fazer. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

No dia 11 de agosto resolvi fazer uma homenagem aos advogados no seu dia. O texto falava do filme “A Ponte dos Espiões”, do qual retirei a ideia de um ““fator stoik mujic”. O filme é uma ode ao papel de advogado. Donavan, interpretado por Tom Hanks, é um advogado de seguros. Por questões políticas, é indicado para defender um espião soviético que fora preso. O ano é 1960, em plena guerra fria. O establishment resolve dar o melhor devido processo legal para o espião, para mostrar o funcionamento da democracia americana. Um julgamento de fachada. Donavan sabe que isso lhe trará antipatias. Até a sua mulher e seu filho são contra a que ele “pegue” a causa. A empresa diz que seria bom para o país que Donavan fizesse a defesa.

Donavan aceita. E vai falar com o juiz. Que lhe diz que já estava tudo decidido. Em nome de uma espécie atualizada de Razão de Estado. American Way of Life. E o juiz argumenta no melhor estilo solipsista. Por outro lado, na empresa de advocacia, lhe questionam a dedicação, uma vez que ele indo “fundo demais”. Afinal, Donavan queria saber do mandado de busca e outras questões relativas aos direitos fundamentais previstos da 5ª Emenda. Pressionado pela CIA, cujo agente lhe diz que, nesses casos, não se seguia nenhum livrinho de regras, Donavan responde: “Você é descendente de alemães e eu de irlandeses. Sabe o que faz de nós, americanos? Só uma coisa: uma, uma, uma – o livro de regras. Chamamos a isso de Constituição. Concordamos com as regras e é isso que nos faz americanos. E não me perturbe mais, seu filho da mãe”.

E assim ele segue. Vai até a Suprema Corte. Atiram pedras na casa dele. Você é comunista, papai? Estou apenas fazendo o meu trabalho, filho, diz Donavan ao menino!

Hoje, no Brasil está assim: você defende alguém acusado de corrupção? Então é corrupto.

Donavan não desiste nunca. Ao visitar o espião na cadeia, este lhe conta a seguinte história: quando menino, na Rússia, seu pai tinha um amigo. Seu pai dizia: preste atenção nesse homem. Ele não tinha nada de especial. Mas um dia agentes invadiram sua casa, quando lá estava esse amigo. Bateram na sua mãe, no seu pai e no amigo. Que cada vez que caia, surrado e chutado, levantava. E lhe batiam de novo. Caía e levantava. E disse o espião: “E por isso sobreviveu”. O espião fez entender, então, que Donavan lembrava a ele esse amigo de seu pai. E disse porque: aquele homem, amigo de seu pai, era um stoik mujic, que quer dizer “o homem que fica em pé” (ou o homem estoico, que sofre, mas não cai)!

O livrinho de regras – a Constituição – vale… mesmo para o inimigo. Contra tudo e contra todos. Por que? Por uma questão de princípio. Bom, no Facebook está o restante da história.

Conto isso aqui porque resolvi fazer um impulsionamento de R$ 30,00, para que mais pessoas lessem a bela história de Donavan. E o Facebook negou. Sabem por que? Porque considerou ofensivas as expressões “comunista”, “alemão” e “irlandês”. Incrível. Assim são os robôs. Leem sem contexto. O meu texto elogiava um advogado e mostrava um diálogo. E o Facebook achou que eu ofendia. Robôs que roubam almas e ideias…Eles ainda vão tomar conta do mundo. E será bem feito para quem acredita no Deus ex machina.

Assim é a era dos algoritmos. Máquinas. Apenas máquinas e contra as quais nada podemos fazer. Além disso, a pergunta: por que as palavras alemão, irlandês ou comunista seriam ofensas? Hum, hum. Por isso sou um jurássico. Desconfio dessa parafernália tecnológica. Por isso meus alunos não usam celular em sala de aula.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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