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Por Redação O Sul | 10 de julho de 2019
Para o ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, é uma vergonha que, como general do Exército, ele receba um salário líquido de R$ 19 mil mensais. A declaração foi dada em resposta a questionamento sobre o valor que o militar ganhava como diretor do COB (Comitê Olímpico do Brasil).
Heleno atuou de 2011 a 2017 como diretor do Instituto Olímpico e do departamento de Comunicação e Educação Corporativa do COB. Ele deixou o cargo em meio à crise instalada pela prisão de Carlos Arthur Nuzman, então presidente do comitê que convidou o general para o posto.
Como diretor do COB, Heleno recebia aproximadamente R$ 55 mil [valores sem correção inflacionária], segundo reportagem da Folha de S.Paulo de dezembro de 2017.
“Eu tenho vergonha do que eu recebo no Exército, isso eu tenho vergonha. Mostrar para o meu filho que eu sou general do Exército e ganho, líquido, R$ 19 mil, eu tenho vergonha. Agora, do dinheiro que eu recebia no COB? Eu ganhava honestamente”, afirmou.
Heleno participou nesta quarta-feira (10) de uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados. O encontro discutiu a apreensão de drogas em aeronaves militares.
O ministro defendeu a sua atuação no COB e afirmou que trabalhava muito no cargo de diretor. “Formamos mais de mil gestores esportivos. Formamos mais de 300 treinadores. Eu não tenho vergonha nenhuma de ter sido bem pago, como os senhores aqui, a grande maioria, não têm vergonha”, disse, em referência aos parlamentares presentes na audiência.
Ele declarou que começou ganhando cerca de R$ 30 mil e que recebeu aumento por acordos feitos por sindicatos. “Eu nunca pedi aumento no COB, eu recebi o que o COB me pagava, é uma entidade privada”, complementou.
O militar ressaltou ainda que, embora o valor do COB viesse de apostas feitas em concursos da Caixa Econômica Federal, há questionamentos sobre se o dinheiro seria público. “Esse dinheiro é 2% do que o apostador receberia. Então, esse dinheiro jamais iria para o Tesouro Nacional. Há uma discussão no próprio TCU [Tribunal de Contas da União] se isso é dinheiro público.”
Durante a audiência, Heleno também colocou em dúvida o caráter do segundo-sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues, preso com cocaína na Espanha. O general afirmou que os membros do GSI são escolhidos por meritocracia. “Essa meritocracia é montada em cima de uma didática e de uma metodologia de julgamento das pessoas, de conceito dado não só por subordinados e pelos superiores, mas inclusive pelos pares.”
“É óbvio que esse sargento era, não só avaliado, como investigado. E o tempo foi mostrando que ele era um elemento de absoluta confiança. Não é uma falha do sistema, é uma falha de caráter dele, que se valeu da confiança para partir para um ato ilícito”, afirmou.