Quarta-feira, 28 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de dezembro de 2020
O Google agiu neste ano para ampliar o controle sobre pesquisas publicadas por seus cientistas, fazendo uma revisão sobre tópicos sensíveis. Em pelo menos três casos, pediu aos autores para evitarem manifestar uma visão negativa sobre a tecnologia da empresa, segundo documentos internos e conversas com pesquisadores envolvidos no trabalho.
O Google pede para que os pesquisadores consultem equipes jurídica e de relações públicas antes de avançarem sobre tópicos que envolvam análise de rostos e sentimentos e categorizações de raça, gênero e afiliação política.
“Avanços na tecnologia e o crescimento da complexidade de nosso ambiente externo estão cada vez mais levando a situações onde projetos aparentemente inofensivos criam questões éticas, computacionais, revogatórias ou jurídicas”, afirma um dos documentos.
A agência de notícias Reuters não pode determinar a data da publicação, embora três funcionários da empresa afirmem que a política começou a ser aplicada em junho. Representantes do Google não comentaram o assunto.
Quatro cientistas da empresa, incluindo a pesquisadora senior Marraste Mitchell, afirmaram que acreditam que o Google está começando a interferir em estudos importantes sobre perigos da tecnologia.
“Se pesquisamos um assunto dada nossa expertise e não podemos publicar isso porque não está em linha com uma revisão de alto nível de nossos pares, então estamos nos metendo em um problema sério de censura”, disse Mitchell.
Histórico
Disputas entre o Google e alguns de seus funcionários se tornaram públicas neste mês, após a saída abrupta da especialista em ciência de computação Tilinta Gebru, que liderava uma equipe de 12 pessoas com Mitchell, focada em ética de software de inteligência artificial. Gebru afirma que o Google a demitiu após ela questionar uma ordem de não publicar um pape que afirma que ferramentas de IA (inteligência artificial) que imitam a fala podem deixar em desvantagem populações marginalizados.