Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 27 de fevereiro de 2020
O Ministério da Saúde tem enfrentado dificuldades para adquirir itens de proteção de saúde, como máscaras e luvas, e promete acionar a Justiça para garantir o fornecimento. Empresas que participaram de licitação, foram selecionadas no certame, estão desistindo de vender ao governo porque comprometeram sua produção para exportação.
O governo Jair Bolsonaro não descarta usar mecanismos legais para impedir a exportação ou apreender o produto caso as empresas mantenham a desistência da venda.
Até esta quinta (27), o Brasil tinha apenas um caso confirmado de infecção pelo novo coronavírus.
“Se for necessário, vamos impedir a exportação dos produtos ou faremos a apreensão na fábrica”, disse o secretário executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, em entrevista à imprensa nesta quinta-feira (27).
Segundo Gabbardo, a situação causa grande preocupação no governo. A área jurídica da pasta tem analisado quais as opções o governo tem.
Gabbardo disse que as empresas venderam seus estoques e comprometeram sua produção com outros países, como a China, apesar de terem participado da licitação. O secretário executivo não informou quantas companhias estão nessa situação.
“Estamos em uma situação de emergência em saúde pública, que é uma questão excepcional”, diz. “O Brasil precisa desses produtos, as pessoas precisam, os trabalhadores de saúde precisam desse produto”.
Dos 21 itens de proteção individual licitados, o fornecimento de cinco deles, como máscaras e aventais, está em risco. O governo planeja adquirir 20 milhões de máscaras, por exemplo, que devem ser distribuídas para os Estados.
O governo vai se reunir com representantes do setor para tratar do assunto. De acordo com Gabbardo, o País ainda tem um certo tempo uma vez que só há um caso confirmado.
Plataforma
Os profissionais de saúde e tecnologia das startups Raioss e Livon Saúde pararam suas atividades no último mês para desenvolver a Coronacases.org, plataforma que reúne exames de pacientes chineses contaminados pelo novo Sars-CoV-2 —mais conhecido como coronavírus.
O pouco contato de médicos brasileiros com os sintomas e formas de manifestação da doença inspirou o médico radiologista Omir Antunes, 34, a desenvolver o site que disponibiliza exames reais em imagem.
Enviadas por um hospital chinês, constam na plataforma, até agora, dez tomografias de tórax de pacientes infectados cujos nomes foram omitidos.
Antunes salienta que, para aprender sobre uma doença, é preciso analisar exames na íntegra.
Em inglês, o site recebeu acessos no mundo todo desde que foi lançado, na terça-feira (25). Mais de 13 mil usuários únicos já foram registrados na plataforma, sendo 95% deles brasileiros.
Para Antunes, o acesso à informação correta é essencial para combater a epidemia, que já foi declarada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como emergência internacional. “É isso o que vamos fazer, vamos espalhar o conhecimento mais rápido que o coronavírus”, afirma o idealizador.