Domingo, 15 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 20 de dezembro de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Se restava algum explosivo para ser detonado até o final do ano, o ministro Marco Aurélio Mello acendeu o fósforo ontem. Seis horas depois, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, surgiu como bombeiro, derrubando a decisão de Mello. A soltura do ex-presidente Lula provocaria um incêndio político, sem precedentes, pela forte influência que sua prisão teve no recente processo eleitoral. Seria até levantada a tese de nova ida às urnas, para tumultuar.
Acontece
Em 2002, diante de uma liminar concedida por juiz de 1ª instância, que surpreendeu a todos no Estado, fui entrevistar um desembargador do Tribunal de Justiça para entender melhor o caso. Perguntei sobre o motivo que teria levado à decisão. Depois de 15 segundos, veio a resposta: “Reservadamente, digo que deve ter sido para aparecer…”. Surpreendido fiquei eu. No dia seguinte, o Tribunal anulou a liminar.
Perfil
Desde 1990, quando assumiu, o ministro Marco Aurélio Mello é o integrante do STF mais disponível para conceder entrevistas. Não movido pela vaidade, mas por entender que o Judiciário precisa prestar contas à sociedade e a Imprensa age corretamente ao buscar esclarecimentos.
Pronto atendimento
Como muitos outros jornalistas de todo o país, procurei inúmeras vezes o ministro Mello no horário de expediente. Estando fora do gabinete, a secretária anotava o nome e o telefone numa lista. Não foram poucas as ocasiões em que o ministro retornou a ligação após as 22 horas para a Redação, pedindo desculpas porque estava em uma reunião que tinha se prolongado. Começava então a dar as explicações pedidas.
Escorregou
Ontem, o ministro Mello olhou só para a situação de Lula. Precipitou-se, não percebendo que beneficiaria outros 169 mil presos, muitos dos quais fugiriam do país, assobiando para nunca mais voltar ao país. As férias forenses ajudarão Mello a se recuperar da interpretação equivocada, que levaria o país à beira do abismo.
Poucas horas de fama
O curioso: a iniciativa de pedir a liberação de Lula, depois revogada, foi do PC do B e não dos advogados do famoso e caro escritório de advocacia contratado pelo PT. Se tivesse andamento, os petistas teriam de erguer monumento aos comunistas.
Segue no negativo
O orçamento do governo federal foi aprovado ontem pelo Congresso Nacional, prevendo déficit de 139 bilhões de reais. Para começar. Como em anos anteriores, vai subir. O pior: quanto a investimentos, será o menor desde 2004. Significa que a máquina administrativa exige cada vez mais. Desafio que o futuro presidente Jair Bolsonaro pretende reavaliar.
Difícil acreditar
O teto de gastos da União em 2019 será de 1 trilhão e 400 bilhões de reais. O valor dos investimentos ficará em 155 bilhões e 800 milhões, sendo 119 bilhões para as estatais. Os demais órgãos receberão ridículos 36 bilhões e 200 milhões.
Lema: gastar sem limites
Quando faltavam 12 dias para 2016 terminar, o governo federal tinha pago 389 bilhões de reais de juros na rolagem da dívida pública. Ontem, às 22h, o Jurômetro estava em 449 bilhões de reais. Contagem iniciada a 1º de janeiro. Não esquecendo que, em dois anos, a taxa de juros caiu pela metade. Mesmo assim, não são poucos os que querem aumentar a dívida da União, que fechará este ano com 4 trilhões de reais. Em 2017, a dívida estava nos 3 trilhões e 550 milhões de reais. Qual o julgamento que farão as futuras gerações?
Grande momento
A solenidade de diplomação dos eleitos, ontem, teve destaques: 1º) o discurso do futuro governador Eduardo Leite. Elegante, não ficando apenas no sentido formal da palavra. Claro, objetivo, simples e reafirmando a necessidade de união para tirar o Estado da situação financeira mais difícil de sua história; 2º) o depoimento sincero do presidente do Tribunal Regional Eleitoral, Jorge Luís Dall’Agnol, que relatou dificuldades provocadas por notícias falsas em relação às urnas eletrônicas; 3º) ao final, a apresentação da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, patrimônio que orgulha o Rio Grande do Sul.
No filtro
Com a cláusula de desempenho, chega ao fim a era dos partidos políticos com mais profetas do que seguidores.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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