Sábado, 01 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de março de 2020
O governo peruano autorizou a saída de brasileiros que estão retidos no país após a suspensão de voos e o fechamento de fronteiras devido à pandemia de coronavírus, afirma o Ministério das Relações Exteriores brasileiro.
Segundo o Itamaraty, a Embaixada do Brasil em Lima fez, entre a segunda-feira (16) e esta terça (17), “gestões em alto nível junto às autoridades peruanas” e obteve nesta terça a autorização para a saída dos turistas brasileiros.
No dia anterior, ao tentarem remarcar seus voos, os turistas disseram ter sido impedidos de entrar nos aeroportos ou retirados de lá pelo Exército. Eles afirmam que não estavam recebendo apoio da embaixada e dos consulados do Brasil e criaram a hashtag #repatriabrasileirosperu para comentar nas redes sociais do ministério das Relações Exteriores.
O Peru registrou até agora mais de 80 casos confirmados de coronavírus. Na noite de domingo (15), o presidente Martín Vizcarra decretou estado de emergência nacional para evitar a propagação da doença.
A medida teve aplicação quase imediata: estrangeiros e locais têm que obedecer a uma quarentena obrigatória, museus e restaurantes já não podem funcionar e o transporte internacional e doméstico está suspenso.
Na segunda, um grupo de brasileiros acordou cedo, para ir até o aeroporto de Cusco e tentar adiantar seus voos. Não havia opções disponíveis, e a loja de uma das companhias, a Latam, estava fechada. Pela internet, a única passagem, da Avianca, custava R$ 9.000 o trecho. Mesmo quem quisesse comprar não conseguiria: logo depois, o voo desapareceu da lista.
Na volta, não conseguiram fazer novo check-in no hotel onde estavam hospedados: o estabelecimento estava fechando porque os funcionários não iriam mais trabalhar. Depois de percorrerem vários outros hotéis, quase todos fechados ou com preços nas alturas, conseguiram uma opção.
“Nos disseram que iam tentar alguma camareira que pudesse vir nos atender. Uma delas se dispôs a ir”, conta o vendedor Facundo Lucero, 39, que mora em São Paulo e está em Cusco com a esposa.
O preço da diária era 100 soles (o equivalente a R$ 143), bem mais do que os 68 soles (R$ 97) que tinham pagado no hotel onde estavam antes. “Era do lado, igualzinho, três estrelas e sem elevador. Tinha hostel cobrando 100 [soles] pelo quarto compartilhado.”
Na capital, Lima, um grupo de 15 brasileiros foi até a porta da embaixada buscar informações. Dizem não terem sido recebidos. “Os seguranças não deixaram a gente entrar. Ninguém nem pegou nosso telefone, serviu um copo d’água, perguntou onde iríamos dormir, se tínhamos o que comer”, diz o administrador de empresas Ederson Luz Oliveira, 33.