Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 16 de setembro de 2019
O líder opositor venezuelano Juan Guaidó afirmou nesta segunda-feira (16) que considera “esgotadas” as negociações realizadas entre seus enviados e os representantes do ditador Nicolás Maduro para tentar resolver a crise no país. O diálogo, que acontecia em Barbados, era mediado pela Noruega e tinha apoio de outros países europeus. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.
As conversas, porém, estavam paralisadas desde 7 de agosto, quando os enviados do ditador abandonaram as conversas em protesto às sanções impostas pelo governo americano contra Caracas.
“Está encerrado esse esforço, agradecemos à Noruega, mas o regime insiste em buscar desculpas para não avançar nos diálogos. Além disso, o ataque contra os professores que ocorreu na manhã de hoje nos mostra que não há nenhuma intenção de diminuir as hostilidades e de buscar uma solução para os problemas do país”, disse Guaidó em entrevista coletiva.
E acrescentou: “A ditadura simplesmente abandonou, saiu correndo da mesa de negociação diante de uma proposta nossa que resolveria o problema do país”.
A manhã de segunda foi de tensão em Caracas. Coletivos ligados ao regime e agentes das FAES (Forças de Ações Especiais) dispararam com armas de fogo contra professores que realizavam uma manifestação no centro da cidade.
O líder opositor afirma ter apresentado a Maduro uma proposta de formação de um governo de transição no qual o próprio Guaidó não faria parte.
Segundo ele, o objetivo da medida era garantir que esse eventual novo governo promovesse a renovação do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), garantindo assim a participação política de todos os grupos e partidos em eleições livres nos próximos meses.
“Nossa ideia era um exemplo de como fazer uma transição livre e democrática, com garantia a todos os setores, e o regime saiu correndo”, afirmou Guaidó.
Ele disse ainda que, com o fim das negociações, segue com “todas as opções sobre a mesa”.
Entre elas, está a possibilidade de ativar o Tiar (Tratado Interamericano de Ação Recíproca), que prevê defesa mútua dos países-membros da OEA (Organização dos Estados Americanos) em caso de ataques externos e que abre a possibilidade de uma intervenção estrangeira no país.
Guaidó também indicou que pode apoiar a articulação de medidas com governos como o da Colômbia para combater os “grupos terroristas e irregulares” que atuam na fronteira dos dois países.
Após as declarações do líder opositor, o ministro das Comunicações, Jorge Rodríguez, anunciou que continuaria dialogando com partidos da oposição, mas apresentou apenas nomes de agrupações muito pequenas, como o Cambiemos e o Soluciones para Venezuela.
Os partidos de oposição relevantes na Assembleia Nacional, e que foram excluídos, são o Voluntad Popular, o Primero Justicia, o Vente Venezuela e a Ação Democrática. Todos eles têm lideranças presas, exiladas ou perseguidas.
Guaidó, então, disse que a ditadura estava sendo “irresponsável ao dizer que segue dialogando com partidos tão minoritários”, comparando o gesto a “colocar paninhos de água quente. Isso é irresponsável e sádico”, afirmou.
O líder do Primero Justicia, Julio Borges, afirmou de Bogotá, onde está radicado, que qualquer acordo com esse grupo minoritário da oposição “apenas levará a Venezuela a um maior isolamento internacional”.
Em sua conta no Twitter, Borges disse que “a União Soviética e Cuba também fabricaram sua oposição sob medida e essa cumplicidade sempre terminou em fracasso”.
Já a líder do Vente Venezuela, María Corina Machado, celebrou o fim das negociações mediadas pela Noruega. Ela vem sendo a opositora mais radical ao defender que não é possível dialogar com Maduro desde que se elegeu uma Assembleia Constituinte, em 2017.
“Essa não é a oposição venezuelana porque a verdadeira oposição é uma nação em rebeldia”, disse Corina em entrevista ao jornal El Nacional.