Quinta-feira, 02 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de agosto de 2020
O Ministério da Economia negou nesta quarta-feira (26) coletiva do ministro, Paulo Guedes, para pedido de demissão, após o presidente Jair Bolsonaro ter explicitado mais cedo discordâncias em relação à proposta da equipe econômica para o Renda Brasil, novo programa de transferência de renda no lugar do Bolsa Família.
“Não procede marcação de coletiva para pedido de demissão. Ministro continua despachando normalmente. Estava em reunião com secretários de Fazenda, conforme agenda”, informou a assessoria de imprensa da pasta.
“Ele é o presidente”
Em meio às críticas do presidente Jair Bolsonaro à proposta da equipe econômica de extinguir programas sociais a fim de compor a receita para o pagamento do auxílio emergencial na transição até a criação do Renda Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, demonstrou tranquilidade e disposição para atender às exigências do presidente.
“Está tudo equacionado. Não tem truque e nem fura-teto. Tudo será feito com total transparência”, disse ao blog por telefone.
O mercado reagiu mal às declarações do presidente em Minas Gerais, e o efeito foi a queda da bolsa e alta do dólar.
Bolsonaro terá nova rodada de conversas com ministros e assessores para decidir o valor e a composição do programa de ajuda financeira aos mais pobres — o valor a ser fixado nesse período de transição de setembro a dezembro deve ser o mesmo a ser pago pelo Renda Brasil, sucessor do Bolsa Família a partir de 2021.
Há, porém, uma outra questão a ser definida pelo presidente: qual será o público-alvo dos dois períodos. Hoje, o auxílio emergencial de R$ 600 é pago a 64 milhões de brasileiros e o Bolsa Família, a 14 milhões de famílias.
O ministro Paulo Guedes não parece abalado com as críticas públicas do presidente.
“É assim mesmo. Ele é o presidente e é quem decide”, disse o ministro, afirmando que caberá à equipe dele apresentar “o cardápio” de programas que podem ser unificados ao atual Bolsa Família.
“As coisas são assim mesmo: a economia é o cara que faz o papel de mau, e a política é o cara que faz o papel do bem”, brincou o ministro.
Na reunião de terça (25), no Palácio do Planalto, quando Bolsonaro decidiu suspender as discussões sobre a composição do Renda Brasil, o ministro Onyx Lorenzoni apresentou uma proposta de reunir 27 programas sociais e mais o abono salarial e o seguro-defeso como alternativa de receita para alcançar o benefício de R$ 300 mensais desejados pelo presidente para o novo programa.
Bolsonaro rechaçou a ideia de incluir o seguro-desemprego entre os programas que iriam compor o Renda Brasil.
“Seria tirar dos pobres para dar aos mais pobres”, disse Bolsonaro na reunião, rejeitando a proposta — frase que ele repetiu nesta quarta-feira na visita a Minas Gerais: “Ontem [terça, 25], discutimos a possível proposta do Renda Brasil, e falei: ‘Está suspenso’. A proposta como apareceu para mim não será enviada ao parlamento. Não posso tirar de pobre para dar a paupérrimos.”