Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 15 de março de 2018
O ministro da Indústria e do Comércio Exterior, Marcos Jorge de Lima, afirmou que o governo brasileiro não descarta sobretaxar produtos norte-americanos, em retaliação à decisão dos Estados Unidos de aumentar as tarifas sobre a importação de aço. A declaração foi feita nessa quinta-feira, durante o Fórum Econômico Mundial para a América Latina em São Paulo.
Lima também frisou que o governo do presidente Donald Trump deve se preparar para sofrer impactos sobre a importação de carvão norte-americano pelo Brasil, já que há uma “complementaridade” entre os dois países no setor siderúrgico. Ao ser questionado por jornalistas se o governo deve aumentar impostos para produtos do país parceiro, o titular da pasta respondeu que “nenhuma hipótese está descartada”.
“Nós temos, porém, a convicção que, pela boa relação que temos com os Estados Unidos e com o anúncio da Casa Branca de que haverá a possibilidade de exclusão de países que se enquadram como na relação comercial que o Brasil tem, de que poderemos retirar o Brasil dessa aplicação”, acrescentou;
A possibilidade de retaliação avançou na Câmara dos Deputados na quarta-feira, quando o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), chancelou um decreto legislativo que, se aprovado, suspenderá o desconto nas tarifas do etanol importado dos Estados Unidos.
Lima destacou que o Brasil é o principal importador do carvão americano, usado na indústria siderúrgica do Brasil: “Se a sua produção for afetada pelas sobretaxas, as importações do produto pelo Brasil poderão diminuir. Do aço que vai para os Estados Unidos, 80% dele é um produto semi-acabado que entra para a própria siderurgia norte-americana para a transformação”.
“De outro lado, o carvão que vem para as nossas siderúrgicas brasileiras, boa parte é dos Estados Unidos, nós somos o principal importador deste produto norte-americano”, continuou. “Então, se nós temos uma sobretaxação do produto que vai pra lá, que entra na indústria americana, nós vamos com certeza impactar em preços nos Estados Unidos, vamos impactar em empregos do lado de lá também.”
O ministro adiantou que ele e o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, irão até Washington para entrar com um recurso para ser excluído da lista. A viagem ocorrerá depois que a decisão do governo dos Estados Unidos for publicada. “Nós já sabemos que será um recurso bilateral, agora, para entrar com recurso físico, nós precisamos da decisão publicada, e o prazo começa a correr a partir da publicação”, afirmou.
Na avaliação do Lima, o Brasil deve ser excluído da medida por não representar risco à segurança econômica norte-americana, “manter uma relação de complementariedade” não ter déficit na balança comercial com o país.
Na véspera, em discurso no mesmo fórum, o presidente Michel Temer havia dito que, se o governo de Donald Trump não aceitasse negociar exceções no aumento de tarifas de importação do aço, o Brasil vai entrar com uma representação contra a política norte-americana na OMC (Organização Mundial do Comércio) junto com outros países que sofreram prejuízos com a medida.
O evento
Encerrado nessa quinta-feira no hotel Grand Hyatt, o Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina em São Paulo durou três dias, com quase 50 sessões sobre temas como a transformação digital no mundo do trabalho e da educação e a igualdade de gênero.
Foram mais de 700 participantes, dentre líderes de governo, organismos multilaterais, empresários, executivos e acadêmicos de mais de 40 países. A lista de convidados incluiu o presidente Michel Temer e oito de seus ministros, além da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal).
Já as personalidades estrangeiras abrangeram o premiê peruano Mercedes Aráoz e os chanceleres Jorge Faurie (Argentina), Manuel Sanz (Costa Rica) e Isabel Alvarado (Panamá).