Terça-feira, 30 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de julho de 2019
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, rebateu nesta sexta-feira (26), em postagem no Twitter, a declaração dada por um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) de que ele não deveria ter uma lista das pessoas que supostamente foram alvo de hackers presos na terça-feira (23) e que também não poderia estar ligando para os hackeados. Sob condição de anonimato, o magistrado disse que Moro sequer deveria ter informações de um processo que, até agora, é mantido sob sigilo.
Na postagem, feita na madrugada, Moro disse que não tem lista das possíveis vítimas, mas confirmou que está entrando em contato com algumas pessoas para informá-las sobre o hackeamento. “Vamos explicar já que o site Uol insiste em falsos escândalos. As centenas de vítimas do hackeamento ilegal, tão celebrado pelo Uol, têm o direito de saber que foram vítimas. Só estão sendo comunicadas. Não tenho lista, só estou comunicando alguns”, escreveu Moro.
O ministro do Supremo disse que “isso que ele [Moro] está fazendo, além de desmoralizar a Polícia Federal e o Judiciário, ainda pode prejudicar a condução do processo, pois estas atitudes podem ser questionadas no Supremo”. Afirmou ainda que Moro confunde suas funções com as de um “delegado da Polícia Federal, que conduz a investigação, e do juiz, que deveria tomar este tipo de decisão”.
Na quinta-feira (25), antes da publicação da reportagem, a assessoria de Moro foi contatada e informou que ele não comentaria as declarações. A crítica do ministro ouvido pela reportagem não foi a única. À colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S.Paulo, o ministro Marco Aurélio Mello disse que Moro não pode destruir mensagens de hacker, como havia dito que faria, e que só o Judiciário poderá decidir se as mensagens apreendidas com os hackers serão destruídas.
Presos e vítimas
Na terça-feira, a Polícia Federal prendeu quatro suspeitos de invadir o celular de Moro e de outras autoridades. Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP), estariam entre as vítimas e teriam sido avisados disso por Moro. Na quinta-feira, o Ministério da Justiça afirmou que o presidente Jair Bolsonaro também teve o celular invadido. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, confirmou ontem que foi vítima de uma tentativa de ataque hacker, que teria sido identificada pela própria PGR (Procuradoria-Geral da República).