Quarta-feira, 28 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 25 de junho de 2020
Após ser nomeado como ministro da Educação, o professor Carlos Alberto Decotelli da Silva afirmou nesta quinta-feira (25), em Brasília (DF), que o presidente Jair Bolsonaro não pediu a ele uma gestão “ideológica” no comando da pasta. Em entrevista à CNN Brasil, o novo ministro disse que pretende pautar sua atuação pelo diálogo com as instituições que querem o melhor pela educação brasileira. “Diálogo, gestão e integração operacional”, sintetizou ele.
“Não houve nenhuma demanda, nenhuma fala sobre questão ideológica, até porque eu não tenho nenhuma competência ideológica. A minha formação é na área de gestão e finanças”, afirmou o novo ministro, segundo a CNN. “Eu sou um gestor de finanças e administração. O presidente falou: aplique a ciência, aplique a integração, para podermos entregar a melhor política pública para a educação no Brasil. Não tenho competência para fazer adequação ideológica.”
Ele entra no lugar de Abraham Weintraub, demitido na semana passada. É o terceiro ministro a comandar o MEC (Ministério da Educação) desde o início do governo Bolsonaro.
Segundo o MEC, “com experiência na pasta, [Decotelli] chegou a ser presidente do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), em 2019. Antes de ocupar o atual cargo, era professor da Pós-Graduação em Economia e Finanças da FGV (Fundação Getúlio Vargas)”.
O presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Iago Montalvão, afirmou pelo Twitter que “o novo Ministro da Educação não tem praticamente nenhuma experiência ou proximidade com a educação, a não ser ter sido presidente do FNDE há alguns meses atrás, em que é acusado de ter gastos abusivos com viagens. Bolsonaro entrega o MEC ao mercado financeiro”.
Em nota conjunta, a UNE, a UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) e a ANPG (Associação Nacional dos Pós-graduandos) declararam que “embora possua trajetória acadêmica e possa vir a representar um deslocamento do grupo olavista na gestão, o novo ministro não tem experiência vinculada à educação, mas sim nas áreas financeira e militar, o que é sempre motivo de preocupação. A educação não pode ser tutelada nem por grupelhos ideológicos estar a serviço dos interesses do mercado financeiro”.
Segundo a CNN, o novo chefe do MEC também defendeu o diálogo com o Congresso Nacional. E, após o anúncio, vários senadores comentaram pelas redes sociais a nomeação do professor, desejando sucesso no novo desafio.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), por exemplo, desejou sorte ao novo ministro e disse esperar que ele opte por “caminhos melhores” que os do anterior. Segundo Randolfe, isso “não será difícil”. O senador afirmou que a hora é de fortalecer a pasta, encaminhar um projeto de renovação do Fundeb ao Congresso e respeitar a ciência e a democracia.
Na mesma linha, o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) registrou que deseja um bom trabalho ao novo ministro. Izalci afirmou que, como vice-presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, está comprometido com a transformação do ensino no país. “Conte comigo para colocarmos a Educação como prioridade nacional”, acrescentou o senador. O senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) disse que tem acompanhado o trabalho de Decotelli e que ficou “feliz pelo ensino”.
Já o senador Humberto Costa (PT-RS) usou sua conta no Twitter para destacar uma nota da revista Época online. Segundo a nota, o novo ministro da Educação deu aval a uma licitação suspeita, na época em que ele ocupava a presidência do FNDE. Pelo processo, uma escola pública em Minas Gerais receberia 118 notebooks por aluno. A licitação, de R$ 3 bilhões, foi suspensa após alerta da CGU (Controladoria-Geral da União).
Oficial da reserva da Marinha, Carlos Alberto Decotelli tem 67 anos e é formado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Tem mestrado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutorado também em Administração pela Universidade de Rosário, na Argentina. Decotelli também fez pós-doutorado pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha. Ele será o primeiro ministro negro do governo de Jair Bolsonaro. As informações são da CNN Brasil, do MEC e da Agência Senado.