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Por Redação O Sul | 1 de agosto de 2019
Uma comparação entre o primeiro trimestre deste ano e o mesmo período em 2018 aponta que, enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) nacional cresceu de 0,5%, no Rio Grande do Sul houve uma alta de 0,9%. É o que aponta um relatório da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) divulgado nessa quinta-feira pelo governo do Estado.
Segundo a Seplag (Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão), esse foi o terceiro trimestre consecutivo em que o índice gaúcho apresentou desempenho acima da média do País. O desempenho de janeiro a março teve como destaque os setores industrial (5,6%) e comercial (3,3%).
“Mesmo sob efeito do cenário nacional, no qual a esperada retomada pós-recessão está cada vez mais lenta, os dois setores apresentam uma sequência de desempenho acima de outras áreas”, detalha o documento. “Os segmentos do atacado e do varejo vêm mostrando variações positivas desde o fim de 2017, enquanto a indústria registra crescimento desde o terceiro trimestre do ano passado, após sofrer os impactos da crise iniciada em 2014.”
Já a agropecuária – sempre com alto impacto na atividade econômica – recuou 4,4%, segundo estimativas da Fipe, além dos -2,3% registrados no último trimestre do ano passado. Também no vermelho há mais de um ano, o PIB do setor de serviços seguiu patinando nos três primeiros meses de 2019, em baixa de 0,4%. A construção civil, por sua vez, registrou uma queda de -3,8%, após quatro trimestres de resultados positivos.
Esses cenários se repetem no Rio Grande do Sul quando o relatório analisa a estimativa do PIB acumulado de 12 meses. A indústria somou crescimento de 6,4%, ao passo que no comércio o índice foi de 5% e na construção civil 2,6%. O desempenho dessas áreas compensa, em parte, os recuos acumulados pelos setores primário (-4,2%) e de serviços (-1%). A economia gaúcha se expandiu 1,4%, igualmente acima do PIB do Brasil no mesmo período (0,9%).
Avaliação
Segundo a titular da Seplag, Leany Lemos, as estimativas do PIB gaúcho são de um “otimismo moderado”. Ela considera positivas as projeções para os próximos trimestres, desde que o País avance nas reformas: “Estamos buscando retirar barreiras ao empreendedorismo, em um esforço para superar a situação fiscal e nossa limitada capacidade de investir com recursos próprios, priorizando uma agenda de atração de investimentos, com um programa de privatizações, concessões e parcerias”.
Leany também reiterou que a Seplag deverá retomar a produção de cálculos do PIB com equipe própria do DEE (Departamento de Economia e Estatística), atividade que desde o início de 2017 vem sendo realizada pela Fipe. “Estamos revendo o contrato e vamos retomar algumas atividades, entre elas o PIB, incluindo o cálculo do PIB municipal”, anunciou.
Setor primário
O economista Eduardo Zylberstajn, coordenador de pesquisas da Fipe, estima que o Rio Grande do Sul deve obter resultados positivos nos próximos trimestres, com uma reação da produção primária: “Essa queda dos primeiros três meses se deu, em especial, por problemas na cultura da uva e do arroz, mas a safra da soja trará impactos importantes”.
Ele também destaca que a indústria, mesmo em ritmo de expansao desde a metade do ano passado, ainda apresenta capacidade ociosa. “Uma retomada mais forte da economia como um todo, considerando-se a importância desse setor, poderá manter o Estado crescendo acima da média nacional”, pondera.
Zylberstajn enalteceu a adoção de medidas do Palácio Piratini para estimular a atividade econômica, mas fez a ressalva de que o cenário nacional precisaria contribuir mais: “A retomada após a recessão ainda é muito baixa e uma prova disso foi a decisão do Banco Central, nesta semana, de um novo corte dos juros. O empresário precisa ter confiança, pois não investirá se houver risco de inflação ou aumento de carga tributária”.
(Marcello Campos)