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Mundo O presidente boliviano, Evo Morales, que busca o quarto mandato em outubro, pretende colocar em operação um reator atômico a 4 mil metros de altitude

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Após protestos e pressão das Forças Armadas, líder anuncia saída do cargo em pronunciamento na TV. (Foto: Reprodução)

Na quarta-feira (17), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu a visita ilustre de seu colega da Bolívia, Evo Morales. De sua passagem pelo Kremlin, Evo voltou com o compromisso inusitado: um financiamento de US$ 300 milhões para colocar em operação a usina nuclear mais alta do mundo.

A diretora da Agência Boliviana de Energia Nuclear, Hortensia Jiménez, diz que o centro de pesquisa nuclear começará a funcionar em 2021. Segundo o governo, a usina funcionará na cidade de El Alto, a 4 mil metros de altitude. O programa terá fins pacíficos e medicinais. “A energia nuclear é o futuro”, disse Evo. “A Bolívia também tem direito de possuir um centro de pesquisa nuclear.”

Evo está numa cruzada para ser reeleito presidente para um quarto mandato. Em 2009, Evo promulgou uma nova Constituição que estabelecia o limite de dois mandatos consecutivos para o presidente. No entanto, sem conseguir se desgarrar do poder – que ele ocupa desde 2006 –, ele convocou um referendo, em 2016, para obter da população a chance de concorrer novamente. E perdeu.

Mesmo assim, Evo não se deu por vencido e recorreu ao Tribunal Constitucional (a Suprema Corte da Bolívia). A decisão veio em novembro de 2017, quando os juízes autorizaram uma nova candidatura do atual presidente. A oposição reclamou e chamou a manobra de “golpe” contra a democracia boliviana.

O líder da Unidade Democrata, Samuel Doria Medina, classificou a decisão do tribunal de “ilegítima” e acusou Evo de querer se eternizar no poder. “É a primeira vez que um governo democrático desconhece o voto popular”, afirmou Medina. Já o ex-presidente Jorge Quiroga foi mais sucinto e chamou os juízes de “capangas a serviço de Evo”.

As eleições estão marcadas para outubro. Segundo pesquisa do instituto Ipsos, Evo lidera com 33% das intenções de voto. Seu maior rival é o ex-presidente Carlos Mesa, que aparece em segundo com 25% – o que deve levar a votação para um segundo turno, em 15 de dezembro.

Com o cenário polarizado, a oposição se agarra a qualquer oportunidade de questionar o governo – e o acordo nuclear com os russos foi mais uma chance. Os opositores atacam o fato de o presidente ter permitido que Rússia e China tenham interferência demais na Bolívia e criticam o endividamento que foi necessário para o projeto.

Cercada por países em crise, a Bolívia parece um exemplo raro de estabilidade. Sob o comando de Evo, a pobreza vem caindo e o país cresceu 4,3% no ano passado – bem acima da média da região –, impulsionado pelo aumento da produção de gás natural. No entanto, especialistas dizem que o modelo econômico de Evo enfrenta desafios cada vez maiores, incluindo o endividamento, o encolhimento de reservas cambiais e a desvalorização das moedas de seus principais parceiros comerciais – que afetam as exportações e pressionam o balanço de pagamentos.

Muitos bolivianos já sentem os efeitos. Cerca de 45 mil oficinas de artesãos fecharam as portas nos últimos anos, segundo a Confederação de Micro e Pequenas Empresas, uma perda anual de US$ 2 bilhões por ano no setor – ou cerca de 5% do PIB.

Muitos artesãos voltaram para a informalidade, uma vez que a venda de eletrônicos e outras quinquilharias da China se tornou mais lucrativa. Isso significa que o número de pessoas que ingressaram no setor informal aumentou para cerca de 50%.

O déficit fiscal também não para de subir desde o fim do boom nos preços das commodities. “O baixo investimento privado, o declínio nas reservas cambiais, o aumento da dívida pública e a economia ainda dependente de commodities são fontes de tensões”, diz Juan Pablo Bohoslavsky, consultor da ONU.

Por enquanto, Evo foca em mais um mandato. O objetivo é superar a desconfiança de parte do eleitorado que o acusa de falta de transparência, de atacar as liberdades civis e de enfraquecer o Judiciário. Se ficar no poder até 2025, se tornará não apenas o líder mais longevo da América Latina, mas também o único a ter uma usina nuclear a 4 mil metros de altitude.

 

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