Quinta-feira, 01 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de janeiro de 2018
O presidente Michel Temer decidiu nesta sexta-feira (26), adiar a viagem que faria na semana que vem para Portugal para participar da XII cimeira luso-brasileira no dia 2 de fevereiro. Temer sairia do Brasil no dia 1º e, segundo interlocutores, pediu que o Ministério das Relações Exteriores agende uma nova data para o encontro com o primeiro-ministro português, António Costa, para que ele possa concentrar os esforços nas negociações em torno da reforma da Previdência.
Segundo auxiliares, Temer quer aproveitar a semana que vem para realizar as conversas a fim de garantir que as discussões sobre a reforma da Previdência comecem no dia 5, como está pré-estipulado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. No último fim de semana, o presidente disse a auxiliares que pretende colocar o texto da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 287/2016 com mudanças nas regras das aposentadorias em votação mesmo sem os votos necessários.
Na avaliação do presidente, em caso de derrota, o governo terá o discurso de que “fez a sua parte” e passará a responsabilidade aos parlamentares, que seriam obrigados a assumir uma postura perante seus eleitores. O discurso de que sem a reforma “não haverá aposentadorias” no futuro foi reforçado pelo presidente e seus ministros em vídeos publicados recentemente.
Entrevistas
Além do esforço com os parlamentares, começam a ser transmitidos neste sábado (27), os programas na TV aberta que o presidente gravou nas últimas semanas para tentar diminuir a resistência da previdência na população. É o caso do programa Amaury Jr, na TV Bandeirantes. Domingo (28) é a vez da gravação do programa do Silvio Santos ir ao ar. E, na segunda-feira (29), o presidente aparecerá no programa do Ratinha, também do SBT.
Também na segunda-feira, o presidente deve ir a São Paulo para participar pela manhã de uma entrevista ao vivo para a Rádio Bandeirantes.
Retorno
Com a reforma da Previdência como prioridade nas próximas semanas, o presidente Michel Temer retornou de Zurique após participar, nesta semana, do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Mas foi o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que dominou as atenções.
Temer evitou fazer qualquer comentário para a imprensa sobre o resultado referente ao ex-presidente. Na noite anterior, ao viajar de Davos para Zurique, onde pernoitou, Temer entrou por uma porta lateral do hotel onde se hospedava para também evitar os jornalistas.
Ainda na quarta-feira, o único comentário feito pelo presidente cumpriu à risca a estratégia do Planalto de tomar uma distância estratégica do julgamento. Para Temer, isso era “uma questão do Judiciário”.
Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência deixou claro que o governo não irá embarcar em um debate político sobre a sentença contra Lula. “Foi uma decisão judicial”, insistiu o ministro, na quinta-feira.
Mas ensaiou uma crítica à tentativa de aliados de Lula de fazer oposição à decisão judicial por meio da política. “Pode bater lata. Mas questionar politicamente não da”, afirmou.
Para o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, “a vida segue, continua, sem grandes problemas na política”. “O Brasil merece tranquilidade para trabalhar”, afirmou.
Segundo Moreira Franco, a agenda do governo estará concentrada agora em tentar aprovar a reforma da previdência no dia 20 de fevereiro. “Vamos trabalhar, conversar e tentar mostrar os números”, disse, numa referência ao deficit de mais de R$ 260 bilhões.