Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 4 de julho de 2017
O PT deve convocar militantes do partido a irem às ruas caso o juiz Sergio Moro condene o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na ação que envolve o tríplex do Guarujá.
“Se ele (Moro) for juiz, vai absolver o presidente Lula. Se vier a condená-lo, vamos fazer todo o debate com protestos e repúdio”, disse o presidente do Diretório paulista do PT, Luiz Marinho, que participou nesta segunda-feira de uma reunião de Lula com parlamentares e lideranças do partido, em São Paulo.
Em caso de condenação, o partido deve exaltar as decisões da semana passada, que beneficiaram o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-RJ) e o senador Aécio Neves (PT-MG). O objetivo é propagar que há tratamento diferente por parte da Justiça quando os réus e investigados são petistas. “Está claro que há dois pesos e duas medidas”, disse Marinho.
Em seu discurso aos petistas nesta segunda-feira na reunião, que foi fechada, Lula celebrou a decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), que inocentou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto numa das ações em que ele foi condenado por Moro.
“Luta aberta”
O presidente do PT do Rio de Janeiro, Washington Quaquá, divulgou uma nota em que prega “confronto popular aberto nas ruas” caso o petista seja condenado pelo juiz.
“Queremos, a partir do Rio de Janeiro, dizer em alto e bom som: condenar Lula sem provas é acabar de vez com a democracia! Se fizerem isso, se preparem! Não haverá mais respeito a nenhuma instituição e esse será o caminho para o confronto popular aberto nas ruas do Rio e do Brasil!”, afirmou Quaquá.
“Nós queremos repactuar o Brasil em torno da democracia e dos direitos e reformas que melhorem, de fato, a vida do povo, com emprego, desenvolvimento econômico e soberania nacional. Mas quem dirá se será pacto democrático ou luta aberta será a burguesia que deu o golpe!”, declarou.
No texto, o presidente estadual do PT diz ainda que a possibilidade de Lula concorrer é a última trincheira dentro das normas democráticas. E, “caso ultrapassada, não haverá mais compromisso democrático no Brasil”, a exemplo do que já aconteceu com o golpe militar de 1964.
“Vamos nos preparar pra luta da forma como ela vier. O Judiciário brasileiro precisa dizer se vai aprofundar o golpe ou vai ajudar a restituir a democracia roubada. A garantia de eleições e do direito do Lula concorrer às eleições limpas (já que está mais do que evidente que não há crime por ele cometido e nenhuma prova produzida, depois de anos de investigação e de pressões e benefícios absurdos concedidos para quem se dispusesse a delatá-lo) é a última trincheira, que, caso ultrapassada, não restará mais nenhum compromisso democrático no Brasil”, completa a nota.
Palocci
Mesmo não sendo réu na ação penal que condenou o ex-ministro Antonio Palocci a 12 anos, dois meses e 20 dias de reclusão, o nome do ex-presidente Lula é citado 68 vezes na sentença do petista, seja em trechos destacados pelo juiz Sérgio Moro ou nas transcrições dos depoimentos que foram usados como provas para estipular as penas de cada réu. O ex-presidente da República deverá conhecer nos próximos dias sua primeira sentença na Lava-Jato, no caso da compra do triplex no Guarujá (SP).