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Geral O que o governo Lula quer da COP30? Entenda

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da Cúpula de Líderes da COP30. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nessa quinta-feira (6) da Cúpula do Clima de Belém (PA), um encontro que reúne delegações de 143 países. O evento antecede a abertura oficial da 30ª Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, conhecida como COP30.

As COPs são reuniões anuais realizadas pela ONU em que países de todo o mundo debatem medidas e mecanismos a serem adotados para combater as causas e os efeitos das mudanças climáticas em escala global. A cada ano, essa conferência acontece em uma cidade diferente e, neste ano, a sede será na capital paraense.

Na prática, a Cúpula do Clima é uma espécie de “pontapé inicial” para a maratona de negociações da COP, que começará oficialmente na segunda-feira (10) e que vai até o dia 21 deste mês, atraindo aproximadamente 100 mil pessoas para a cidade e chamando a atenção em nível internacional por conta da emergência da crise climática global.

Estão confirmadas as presenças do presidente da França, Emmanuel Macron, do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, além de outras lideranças internacionais.

A COP30 é tida por diplomatas e observadores como a maior aposta diplomática do governo Lula neste terceiro mandato. A expectativa é de que, no ano que vem, o presidente se dedique mais à pauta doméstica, uma vez que pretende disputar a reeleição em 2026.

Durante os últimos meses, as atenções sobre a COP30 se voltaram para questões logísticas envolvendo a cidade de Belém como a escassez de leitos de hotel e problemas de trânsito.

Mas apesar do trânsito carregado na capital paraense e de diversas delegações terem que reduzir seus tamanhos para participar do evento, tudo indica que a COP30 vai se realizar de um jeito ou de outro.

Mas o que governo Lula espera alcançar durante a COP30? Quais os objetivos idealizados pela equipe do petista quando o país lançou sua candidatura para o evento?

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB), da Fundação Getúlio Vargas e do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Viola, um dos principais objetivos de Lula ao lançar o Brasil para receber e presidir a COP30 era projetar o país como uma liderança climática global.

Segundo ele, Lula quis aproveitar a abertura de um vácuo de liderança climática deixado pela União Europeia em função da guerra na Ucrânia, iniciada pela Rússia em 2022.

A guerra, segundo Viola, fez com que o bloco europeu tivesse que canalizar recursos, que antes eram parcialmente destinados às mudanças climáticas, para investimentos em defesa, em função do temor gerado pela invasão russa ao território ucraniano.

“Lula quis se apresentar e apresentar o Brasil como um líder climático em um momento bastante crítico. O objetivo é fazer com que o país atue como um formulador das regras internacionais e não apenas como um mero cumpridor de normas estabelecidas por outros países. Isso faz parte da tradição diplomática brasileira”, disse Viola.

A avaliação do cientista político e especialista em políticas climáticas da organização não-governamental Talanoa, Caio Victor Vieira, é semelhante.

Segundo ele, o Brasil viveu um momento de retração diplomática durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019 a 2022). A gestão do petista, por outro lado, apostou em diversos fóruns multilaterais como estratégia para retomar a inserção internacional do Brasil.

Em 2023, o Brasil sediou a Cúpula da Amazônia, que reuniu líderes dos países da região amazônica. O país também presidiu a cúpula do G20 (grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo), em 2024 e a Cúpula dos Brics (bloco de 11 países com economias emergentes), em julho deste ano. Segundo Vieira, até o momento, o objetivo parece estar sendo alcançado.

“O Brasil se dispôs a receber e presidir a COP 30 para voltar a ser um ator principal nas pautas relacionadas com o clima e a outras pautas consideradas progressistas”, diz Vieira à BBC News Brasil. “O Brasil voltou ao centro das discussões internacionais. O país voltou a ser pop”, diz Vieira.

A aposta na pauta ambiental feita por Lula tem como pano de fundo, diz Eduardo Viola, um foco no chamado multilateralismo. Trata-se de uma abordagem que prioriza alianças com diversos países em torno de objetivos comuns em detrimento de uma política externa isolacionista e centrada apenas nos interesses do próprio país.

Segundo ele, o multilateralismo é uma estratégia de sobrevivência para nações como o Brasil, que não são potências econômicas ou militares.

Essa aposta, no entanto, teve um revés significativo em 2024: a eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.

“Este foi o pior momento para presidir uma COP porque Trump está colocando em prática uma política externa totalmente contra o multilateralismo e contra as pautas climáticas”, afirma o professor.

Para Eduardo Viola, Lula também tinha como objetivo fazer da COP 30 uma plataforma de prestígio doméstico, angariando o apoio de segmentos da população identificados com as pautas climáticas, ambientais e de defesa dos direitos humanos.

Historicamente, esses setores são mais identificados com a esquerda brasileira.

O problema, segundo ele, é que esse objetivo não foi plenamente atingido por conta do que ele classifica como uma contradição da política ambiental de Lula.

Por um lado, o governo anunciou a menor taxa de desmatamento na Amazônia desde 2017, chegando a 5.796 quilômetros quadrados entre julho de 2024 e agosto de 2025.

Por outro, no entanto, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) liberou uma licença ambiental para a Petrobras pesquisar a existência de petróleo na bacia sedimentar da Foz do Amazonas, contrariando cientistas e ambientalistas que alertam para os riscos de ampliar a produção de petróleo no Brasil.

Lula, em Belém, afirmou que o Brasil não poderia ser “irresponsável” e abrir mão do petróleo neste momento, apesar dos alertas da comunidade científica.

“Seria incoerente se eu, em um ato de irresponsabilidade, dissesse que não vamos mais usar petróleo. Porque não sobreviveríamos sem isso. E poucos países estão mais próximos do que nós de sobreviver sem isso”, disse Lula em uma entrevista coletiva a agências internacionais na terça-feira (4). As informações são da BBC News.

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