Sexta-feira, 09 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2021
A variante delta do coronavírus (B.1.617), identificada pela primeira vez na Índia em outubro do ano passado, vem preocupando especialistas, países e entidades internacionais, além de brasileiras. No Brasil, a variante já causou ao menos duas mortes.
Nos últimos dias, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou para a rápida disseminação da variante, e novas restrições para conter o espalhamento foram decretadas em lugares como Sydney, na Austrália, Portugal, Reino Unido e Itália. Israel voltou a exigir o uso de máscara em locais fechados.
Na Índia, uma nova variante próxima da delta, batizada de “delta plus”, também foi identificada.
Acredita-se que assim como houve mutações do coronavírus, dando surgimento a variantes como a delta, também houve uma evolução nos sintomas da covid provocadas por essas novas cepas.
O professor Tim Spector, que dirige o estudo Zoe Covid Symptom, no Reino Unido, diz que o sintoma mais comum da Covid por variante delta são as dores de cabeça. Em seguida, os sintomas mais comuns da variante delta são: dor de garganta, coriza (nariz escorrendo) e febre.
Alguns sintomas que eram muito pronunciados na versão original do coronavírus são menos comuns na variante delta.
Com a delta, não há tantas ocorrências de tosse ou de perda de paladar e olfato.
Uma das preocupações das autoridades de saúde é que os novos sintomas da variante delta são muito semelhantes ao de um resfriado comum. Por conta disso, muitas pessoas sequer percebem que estão com covid da variante delta, e acreditam estar meramente resfriadas, sem tomar medidas preventivas para impedir o contágio de outras.
1) A variante delta é mais transmissível?
As evidências reunidas até agora apontam que sim.
Uma atualização sobre a variante divulgada pelo governo do Reino Unido em 25 de junho apontou que:
— a transmissibilidade da delta parece maior do que o vírus do tipo selvagem (responsável pela primeira onda);
— a delta continua a demonstrar uma taxa de crescimento “substancialmente aumentada” em comparação com a alfa (a variante britânica/B.117), em várias análises;
— as taxas de ataque secundário – de infecção ocorrendo entre pessoas com contato próximo – e os estudos de transmissão domiciliar reforçam o aumento da transmissibilidade da variante;
— há evidências in vitro que sugerem aumento da replicação em sistemas biológicos que modelam as vias aéreas humanas;
“É altamente provável que delta seja mais transmissível do que alfa [britânica/B.1.1.7]”, aponta o documento.
Uma previsão do Centro Europeu de Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) divulgada em 23 de junho apontou que 70% das novas infecções pelo coronavírus na União Europeia deverão ser causadas pela variante delta até o início de agosto. Até o final do mesmo mês, a variante será responsável por 90% das infecções.
2) A variante delta é mais letal ou causa doença mais grave?
Ao mesmo tempo em que aumentou maior transmissibilidade para a delta, o governo do Reino Unido sinalizou que mais dados ainda são necessários para concluir se ela é mais letal ou se é responsável por casos mais graves de covid-19.
Em 25 de junho, o governo britânico informou que “as primeiras evidências da Inglaterra e da Escócia sugerem que pode haver um risco aumentado de hospitalização” em casos com a variante delta do que com a a alfa (variante britânica/B.1.1.7) – mas que “um grande número de casos ainda está dentro do período de acompanhamento e há uma compreensão limitada do curso clínico da doença”.
Por outro lado, o Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) aponta que estudos feitos em laboratório sugerem que tratamentos específicos com anticorpos monoclonais podem ser menos eficazes para tratar casos de covid causados por variantes com certas mutações. Uma dessas mutações é a L452R, na proteína S do coronavírus, presente na variante delta.