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Por Redação O Sul | 28 de janeiro de 2016
Há dúvidas de português que só o “pai dos burros” resolve. Mas a maioria dos escorregões com as letrinhas pode ser evitada com uma visita ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Introduzidas em 2009, as novas regras são obrigatórias no Brasil desde 1 de janeiro, mas ainda confundem. Os pontos mais difíceis são os que tratam do hífen e da acentuação.
Adiada por três anos pelo governo, a reforma da língua pátria traz boas novidades, como o fim do trema e as mudanças nos acentos diferenciais de homônimos. O Acordo Ortográfico foi assinado em 1990 com os Estados-Membros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa para padronizar a escrita nas oito nações que falam o idioma de Camões.
As mudanças deveriam ser obrigatórias desde 2013, mas o prazo foi adiado após polêmica entre linguistas, professores e representantes do governo.
Em Portugal e Cabo Verde, o Acordo já vale parcialmente. Já Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste ainda não aplicam oficialmente os novos padrões. Segundo o Ministério da Educação, o Acordo Ortográfico modificou 0,8% dos vocábulos da Língua Portuguesa no Brasil e 1,3% em Portugal.
O objetivo é facilitar a troca cultural e científica entre os povos que falam português. Outra meta é aumentar a popularidade do português no mundo, unificando a grafia dos livros e eliminando diferenças.
A grafia correta das palavras conforme as regras do acordo podem ser consultadas no Volp (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), disponível no site da Academia Brasileira de Letras, e por meio de aplicativo para smartphones e tablets.
Dicas.
Confira algumas dicas para quem ainda não domina esse novo universo.
Alfabeto.
Entre as principais mudanças, está a ampliação do alfabeto oficial para 26 letras, com o acréscimo do k, w e y. As letras já são usadas em várias palavras do idioma, como nomes indígenas e abreviações de medidas, mas estavam fora do vocábulo oficial.
Trema.
O trema – dois pontos sobre a vogal u – foi eliminado, e pode ser usado apenas em nomes próprios. No entanto, a mudança vale apenas para a escrita, e palavras como linguiça, cinquenta e tranquilo continuam com a mesma pronúncia.
Acentos.
Os acentos diferenciais também deixaram de existir, de acordo com as novas regras, eliminando a diferença gráfica entre pára (do verbo parar) e para (preposição), por exemplo. Há exceções como as palavras pôr (verbo) e por (preposição) e pode (presente do indicativo do verbo poder) e pôde (pretérito do indicativo do verbo poder), que tiveram os acentos diferenciais mantidos.
O acento circunflexo foi retirado de palavras terminadas em “êem”, como nas formas verbais leem, creem, veem e em substantivos como enjoo e voo.
Já o acento agudo foi eliminado nos ditongos abertos “ei” e “oi” (antes “éi” e “ói”), dando nova grafia a palavras como colmeia e jiboia.
Hífen.
O hífen deixou de ser usado em dois casos: quando a segunda parte da palavra começar com s ou r (contra-regra passou a ser contrarregra), com exceção de quando o prefixo terminar em r (super-resistente), e quando a primeira parte da palavra terminar com vogal e a segunda parte começar com vogal (auto-estrada passou a ser autoestrada).