Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 24 de janeiro de 2021
O Reino Unido detectou nove casos da variante brasileira do novo coronavírus e 77 infectados pela linhagem sul-africana do Sars-CoV-2, anunciou o ministro da Saúde britânico. Matt Hancock reforçou os apelos para que a população siga estritamente as regras de lockdown como a melhor precaução contra a versão britânica, potencialmente mais mortal.
Hancock disse que todos os pacientes que contraíram a variante brasileira e a sul-africana estão sob observação. “Eles estão sendo monitorados muito de perto e aprimoramos o rastreamento de contatos para fazer tudo o que pudermos para impedir que se espalhem”, disse o ministro durante uma entrevista à BBC.
O professor Anthony Harnden, de Oxford, vice-presidente de um comitê científico sobre vacinação que assessora o governo, disse que as variantes sul-africana e brasileira eram motivo de preocupação porque as vacinas contra o coronavírus podem não ser eficazes contra elas.
“As novas variantes no exterior são uma preocupação real. Na África do Sul e na Amazônia brasileira, há indícios de que haverá escape (resistência do vírus) da vacina”, disse ele à Sky News, acrescentando que novas variantes continuarão aparecendo em todo o mundo.
O Reino Unido tem o maior número de mortos na Europa em razão da covid-19, perto de 100 mil, e foi mantido sob lockdown pela maior parte de janeiro com hospitais lutando para lidar com um número recorde de pacientes gravemente enfermos.
O governo atribuiu as altas taxas de transmissão que o levaram a impor restrições severas em parte a uma variante altamente contagiosa identificada inicialmente no sudeste da Inglaterra e agora considerada prevalente em muitas áreas.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que a variante britânica pode estar associada a um nível mais alto de mortalidade, embora os cientistas tenham dito que as evidências sobre isso permanecem incertas. A mensagem foi enfatizada por Hancock.
O Reino Unido já havia proibido neste mês a entrada de viajantes com origem no Brasil e outros 15 países, além da Guiana Francesa, departamento ultramarino na França. O anúncio ocorreu um dia após o primeiro-ministro Boris Johnson. manifestar preocupação com a variante brasileira. O Brasil já havia suspendido voos com origem britânica em 25 de dezembro por conta da variante britânica.
Variantes na mira
O mundo acompanha com apreensão o surgimento de variantes do novo coronavírus que seriam mais infecciosas do que as demais que já circulam desde o início da pandemia. Mutações são comuns e esperadas em vírus de RNA, como o Sars-CoV-2, mas as alterações na proteína S, responsável pela infecção das células humanas, podem ser decisivas.
As variantes surgidas no Reino Unido e na Africa do Sul ganharam manchetes em dezembro e podem estar relacionadas à alta de casos de covid-19 nestes países, na avaliação de pesquisadores. O mesmo pode se aplicar à B.1.1.28, detectada no Brasil e com prevalência crescente em Manaus, que vive um colapso no sistema de saúde e registra índices recordistas de infecções e óbitos.
Autoridades de Hesse, uma divisão administrativa na região central da Alemanha, anunciaram que a variante brasileira do novo coronavírus foi identificada em um paciente no país. A pessoa teria retornado do Brasil e desembarcado em Frankfurt, cujo aeroporto é o mais movimentado da Alemanha.
A mutação brasileira, batizada E484, foi identificada no Rio de Janeiro e em variantes em Manaus, como a identificada em japoneses (B.1.1.28) que estiveram no Amazonas. Ela altera o RDB, o ponto da proteína S em que o Sars-CoV-2 se liga às células humanas.