Sábado, 18 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 28 de agosto de 2020
O presidente Jair Bolsonaro riu ao comentar o afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), por supostos desvios na área da Saúde. “O Rio está pegando fogo, o Rio está pegando hoje. Está sabendo do Rio hoje? Governador já… Quem é teu governador?”, reagiu Bolsonaro a um apoiador que o questionou sobre a situação do Estado, na saída do Palácio da Alvorada, nesta sexta-feira (28).
Em seguida, o homem disse que o governador agora é “o vice”. “Está acompanhando”, respondeu Bolsonaro, aos risos.
Em 26 de maio, quando o ex-aliado foi alvo de buscas, o presidente falou para apoiadores, também com um sorriso no rosto: “Parabéns para Polícia Federal”.
Nesta sexta, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento imediato de Witzel, que nega as acusações e afirma ser alvo de “interesses políticos”. A Procuradoria-Geral da República chegou a pedir a prisão do governador, mas o STJ negou.
O vice-governador Cláudio Castro deve assumir provisoriamente a função. Pela manhã, o STJ também expediu um mandado de prisão contra o pastor Everaldo, presidente do PSC, que já foi preso pela Polícia Federal. Everaldo batizou Bolsonaro no Rio Jordão.
Helena Witzel
No relatório que faz parte da decisão, o ministro do STJ apresentou ainda as informações do MPF sobre as investigações em relação ao escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Witzel.
De acordo com o texto, “o MPF asseverou” que as provas obtidas demonstram que o escritório de advocacia da primeira-dama, Helena Alves Brandão Witzel, “foi utilizado para escamotear o pagamento de vantagens indevidas ao Governador, por meio de contratos firmados com pelo menos quatro entidades de saúde ligadas a membros da organização criminosa (Gothardo Lopes Netto, Mário Peixoto e Pedro Fernandes) e recebimento de R$ 554.236,50 no período de 13/08/2019 a 19/05/2020”.
A PGR cita que a quebra de sigilo permitiu encontrar dois e-mails enviados pelo governador a sua esposa, com a minuta do contrato de prestação de serviços advocatícios entre ela e o Hospital Jardim Amália. Na sequência, ele encaminhou a minuta desse contrato para si.
“Em pesquisa às propriedades do arquivo, constata-se que a minuta foi inicialmente elaborada por Victor Zamprogno, advogado que já estava constituído anteriormente e representava o HINJA. Observa-se que a primeira-dama, apesar de ser advogada e ser quem figurava como contratada, não participou diretamente da negociação do próprio contrato de prestação de serviços advocatícios”.
A primeira-dama teria recebido R$ 280 mil do hospital.
“Nas buscas realizadas no escritório de Helena Witzel não foi encontrado nenhum documento ou evidência que demonstrasse sua atuação como advogada, salvo uma petição. Assim, apesar de a contratação envolver somas consideráveis (com aditamento de valores expressivos), não se encontrou evidências da prestação de serviços”, diz a PGR.
Os investigadores apontam que foram reunidos elementos de que a operação Favorito, deflagrada em maio contra o grupo, foi vazada. Alessandro Duarte, apontado como operador do empresário Mário Peixoto, teria alertado a outros investigados por mensagem.
Ele repassou a seguinte mensagem: “Bloco na rua amanhã. Fica esperto. Preto dourado”.
Mourão
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, considera “difícil” Wilson Witzel voltar ao cargo após ser afastado pela Justiça. “Eu acredito que, ao longo desses próximos seis meses, esse processo de impeachment deve avançar. Acho difícil que ele volte”, disse o vice nesta sexta.
Mourão afirmou que a situação do Rio de Janeiro é “complicada” e lamentou pela população que sofre com a “ausência do Estado”. “Parece que a corrupção se enraizou no Rio de Janeiro. Eu lamento pelo povo do Rio de Janeiro que sofre a ausência de Estado.”