BrasilO ritmo de avanço da pandemia de coronavírus no País volta a crescer e chega perto da semana de pico, em maio
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Redação O Sul
| 15 de julho de 2020
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Boletim da Fiocruz alerta que os valores semanais estão acima do nível considerado muito alto. (Foto: Divulgação/Josué Damacena/IOC/Fiocruz)
Após três semanas de queda no ritmo de crescimento da pandemia no Brasil, medido pela média semanal de casos novos de infecção, ele voltou a crescer, atingindo um percentual semelhante aos da semana de pico, em maio.
Os dados são do último Boletim Infogripe, da Fiocruz. Ele indica um crescimento de casos novos de 2,4% no País, mostrando uma retomada do aumento de novos casos semanais.
O boletim alerta que os valores semanais estão acima do nível considerado muito alto. O coordenador do Infogripe, Marcelo Gomes, diz que o crescimento é puxado sobretudo pelos Estados do Sul.
Os dados do Infogripe se referem aos casos de internação e morte por síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Eles são um bom indicador da pandemia porque a Covid-19 hoje é responsável por 96,5% dos casos e 99% dos óbitos com resultado positivo para algum vírus respiratório no Brasil.
Ele explica que após atingir um primeiro pico na semana epidemiológica 19 (período de 3 a 9 de maio), quando a média móvel registrou 20.516 novos casos, a curva de SRAG no País registrou queda por três semanas consecutivas. A redução se manteve até 30 de maio (fim da semana epidemiológica 22). A média móvel dessas três semanas foi 18.248 novos casos.
“Desde então, os registros semanais voltaram a subir, com um crescimento médio de 2,4% por semana, atingindo uma estimativa de 20.471 novos casos semanais para a média móvel referente à semana 27 (realizada com base nas semanas 26, 27 e 28), valor muito próximo ao pico da semana 19, a de pico”, acrescenta Gomes.
Os dados foram consolidados levando em conta a última semana epidemiológica analisada, a 28, de 5 a 11 de julho. As informações são do Sivep-gripe, o sistema de notificação nacional, do Ministério da Saúde.
Mesmo no Paraná, onde havia, uma expectativa de estabilização, a média de casos novos registrados por dia subiu. E com a chegada do inverno, quando os casos de infecções respiratórias costumam aumentar, a perspectiva é de agravamento.
“No inverno no Sul as pessoas ficam em ambientes fechados e mais juntas, isso facilita a propagação de vírus. No Sul, a Covid-19 se alastra com força desde maio”, destaca Gomes.
Também preocupa o Centro-Oeste, em especial o Distrito Federal e o Mato Grosso. Gomes explica que a redução apontada nas internações nas últimas semanas pode ser devida ao colapso do sistema de saúde:
“Muitos casos, provavelmente, não aparecem porque as pessoas não conseguiram vaga nos hospitais devido à saturação do sistema e não porque houve redução de novas infecções”, salienta ele.
Gomes ressalta que há enormes diferenças regionais no Brasil e que a pandemia não tem um ritmo uniforme. Minas Gerais apresenta uma tendência de crescimento de casos semelhante ao da Região Sul.
Em São Paulo, o Estado com o maior número absoluto de casos, o Infogripe detectou tendência de estabilização após queda leve, uma diminuição média de 2% por semana desde o pico observado na semana 20 até a semana 25.
Estados que vinham registrando queda nos boletins anteriores, Amapá, Tocantins, Ceará e Rio de Janeiro registraram sinais de crescimento. No Rio, ele é puxado, sobretudo pelo avanço do coronavírus, pelo interior.
Rondônia, Bahia e Goiás apresentam sinal de possível início de queda, sendo o sinal mais claro em Rondônia.
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