Segunda-feira, 27 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 17 de julho de 2019
Após ser confirmada a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro para a embaixada brasileira em Washington, nos Estados Unidos, ele ainda terá de passar por uma sabatina na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Depois, o seu nome será submetido à aprovação no plenário da Casa. Em geral, é um procedimento meramente protocolar. Mas não no caso do filho do presidente.
De tão raras, as rejeições de embaixadores no Senado são consideradas eventos excepcionais. Dois casos no Brasil democrático ocorreram com presidentes que mantiveram relações tensas com o Legislativo e não terminaram os seus mandatos: Jânio Quadros e Dilma Rousseff.
Em 6 de junho de 1961, por 26 votos a 22, o plenário do Senado rejeitou a indicação do empresário José Ermírio de Moraes, fundador da Votorantim, para a embaixada do Brasil na então República Federativa da Alemanha, em Bonn.
Somente em maio de 2015, quando por diferença de um voto (38 a 37) os senadores derrubaram a nomeação do diplomata Guilherme Patriota para a embaixada brasileira na Organização dos Estados Americanos, os parlamentares voltariam a vetar outro embaixador.
A rejeição de Patriota, irmão do ex-chanceler Antônio Patriota, foi vista como um recado a Dilma. Ele trabalhou com o assessor internacional da Presidência Marco Aurélio Garcia e foi chefiado pelo próprio irmão na representação junto às Nações Unidas. Durante a sua sabatina, adotou uma postura de confronto e derrapou nas respostas.
“Ele poderia melhor representar a Venezuela que o Brasil”, comentou na ocasião o senador paraibano Cássio Cunha Lima, da oposição. Na mesma sessão, contudo, os senadores aprovaram, com ampla margem, outro indicado por Dilma para a embaixada de Paris, na França. O conflito em torno das relações internacionais do Brasil não prosperou.
O caso do governo Jânio tem mais em comum com a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro à embaixada em Washington. Ermírio não era diplomata de carreira, apenas um industrial de sucesso e amigo de Jânio, a quem recebia com frequência na sua casa de praia em Bertioga, no litoral paulista.
“Foi vetado justamente pelo fato de ser íntimo do governante que desprezava o Congresso”, contam Duda Hamilton e Paulo Markun em “1961 – O Brasil entre a Ditadura e a Guerra Civil”. Várias características aproximam Jânio de Bolsonaro – uma delas é o populismo. As informações são do blog de Helio Gurovitz.