Terça-feira, 04 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de agosto de 2019
Na esteira do desgaste provocado pelo episódio dos hackers e dos ataques à Lava-Jato, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) acrescentou mais um pedido ao processo que move contra Deltan Dallagnol: o de afastamento do procurador do MPF. Em março, Renan protocolou a reclamação disciplinar alegando que o coordenador da Lava Jato, após ter tentado intervir na sua reeleição, influenciou na disputa pela presidência do Senado. Segundo ele, Dallagnol fez comentários em redes sociais que o prejudicaram e deixaram um claro viés eleitoral. As informações são do jornal Estado de S. Paulo.
Renan recorreu ao Conselho Nacional do Ministério Público, que analisará o pedido na terça-feira. Para o senador, Dallagnol funciona como “ativista do cotidiano político”. A assessoria da Lava-Jato não quis se manifestar.
Renan é investigado no inquérito-mãe da Lava-Jato, que apura a formação de uma quadrilha para fraudar a Petrobrás. Ele também é alvo de outras investigações no Supremo Tribunal Federal.
“Movimento de reação como o que aconteceu na Itália”
Sob fogo cerrado de opositores da Lava-Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa no Paraná, comparou a grande reação à maior investigação já desencadeada no País contra a corrupção ao movimento que colocou em xeque a Mãos Limpas – missão similar que a Itália viveu nos anos 1990 e acabou esvaziada por forças políticas.
Em sua conta no Twitter, Deltan postou. “Vejo um movimento de reação como o que aconteceu na Itália, em que se busca tirar a credibilidade de agentes públicos que atuam na operação.”
Na próxima terça (13), o Conselho Nacional do Ministério Público pode pôr em pauta eventual afastamento de Deltan da Lava-Jato. Ele tem sido alvo frequente de reclamações perante o colegiado.
Deltan avalia que o objetivo de quem o fustiga a Lava-Jato é “promover os retrocessos que possam permitir que poderosos que praticaram crimes graves alcancem impunidade”.
Histórico do procurador
Deltan Martinazzo Dallagnol é advogado e procurador do Ministério Público Federal e membro da força-tarefa da Operação Lava-Jato em Curitiba, que, desde 2014, investiga crimes de corrupção envolvendo a Petrobrás, empreiteiras e políticos.
Formado em direito pela UFPR (Universidade Federal do Paraná), Dallagnol iniciou a carreira como procurador da República em 2003, quando passou a integrar o Ministério Público Federal. Em setembro de 2016, apontou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como “comandante máximo do esquema de corrupção” em investigação sobre propinas na Petrobras – Deltan usou um PowerPoint para destacar imagens e gráficos para sustentar a denúncia contra o ex-presidente.