Quarta-feira, 30 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 27 de dezembro de 2018
Instado a decidir sobre pedido de liberdade para João de Deus, o Supremo pode impedi-lo de exercer a atividade profissional. Um ministro ouvido pela Coluna compara o caso ao de Roger Abdelmassih, que perdeu o direito de atuar como médico. Também acusado de abuso sexual por dezenas de mulheres, o médium recorreu à Corte para tentar deixar a prisão. Pelo menos cinco dos onze ministros do Supremo já se consultaram com João de Deus. Os magistrados podem se declarar impedidos de atuar nas ações que o envolvem, mas essa é uma decisão de foro íntimo. As informações são do jornal Estado de S. Paulo.
O pedido de habeas corpus foi distribuído a Gilmar Mendes, mas caberá ao presidente do STF, Dias Toffoli, decidir a respeito do caso no plantão do Judiciário. Os dois ministros e Luís Roberto Barroso já se consultaram com o médium. Luiz Fux e Rosa Weber também o conhecem.
O médium teria participado, inclusive, da posse de Rosa Weber na presidência do TSE em agosto. Desde quinta-feira, a reportagem questiona o TSE sobre quem o convidou, mas sem resposta. Fux também não se manifestou.
Casa Dom Inácio de Loyola
Passados onze dias da prisão de João de Deus por suspeita de abusos sexuais, a Casa Dom Inácio de Loyola, onde ele atendia, segue funcionando normalmente. No entanto, o local, situado em Abadiânia, no Entorno do DF, teve queda de 50% no movimento de lá para cá. segundo o administrador da instituição, Chico Lobo.
Ele afirmou que, além da prisão do médium, a época do ano também influencia para a menor quantidade de pessoas no local.
“De tudo um pouco [influenciam o menor movimento]. A casa está atendendo normal. Tivemos uma queda de 50% porque no final do ano o número cai mesmo, além da prisão”, informou.
A casa realiza atendimentos todas as quartas, quintas e sextas-feiras. Nesta quinta, segundo Lobo, o público que visita o local é composto por “um pouco de brasileiro e um pouco de estrangeiro”.
Apesar do funcionamento da casa, o laboratório onde os medicamentos eram produzidos, também situado no imóvel, foi interditado pela Vigilância Sanitária por produzir remédios “em escala industrial”.
Prisão e denúncias
João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde dorme sozinho, mas passa o dia em uma cela com outros quatro presos. O médium teve um 2º mandado de prisão deferido, desta vez por posse ilegal de arma de fogo.
A defesa do médium pediu a soltura dele ao TJ-GO (Tribunal de Justiça do Estado de Goiás) e ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) – ambos negaram o habeas corpus em caráter liminar. Por isso, o pedido foi feito ao STF (Supremo Tribunal Federal). A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra a soltura de João de Deus.
A Polícia Civil e o MP-GO apuram as denúncias contra o médium após relatos de mulheres virem à tona no programa Conversa com Bial, no início de dezembro. Até a manhã da quarta-feira, o MP-GO já havia recebido quase 600 denúncias, por e-mail, contra o médium.