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Colunistas O trabalho no tempo

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Com a máquina veio a possibilidade de produzir mais, mas também, com ela, o acidente de trabalho e suas vítimas. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O tempo que passa é o milênio. Então, havia o Servo da Gleba e o Colono, peculiares trabalhadores. Mais o último do que aquele, recebia um espaço de terra, nos limites do feudo (a “colônia”) e mais a esta do que a seu dono ficava vinculado. Seu dever: ser vigilante, “soldado fronteiriço” que, defendendo o seu “pedacinho” de área, funcionava como barreira ante o eventual invasor.

Defendia, portanto, à morte o pouco que era “condicionalmente seu”, e o muito que era do latifundiário. Mais oferecia: submissão, além da sua, também a da sua família.

Mais tarde, num enfoque “a Vol D’oiseau”, veio a Corporação, que perdurou por mais de mil anos. Professou a valia do coletivo. Implantou o poder do colegiado. Dava guarida a ideia de que poderia mais, quem mais soubesse. A conquista mais ambicionada era o título de Mestre, que assegurava o direito de abrir ou herdar uma oficina. Havia as dos padeiros, dos alfaiates, dos financistas (chamados de avarentos). Até havia a dos militares. Reuniam-se na grande Corporação que zelava pelos ofícios religiosos, sem perder de vista o comando político e a orientação econômica (planejamento primitivo de produção e de consumo da população, precavendo-se contra o desmazelo e o desperdício).

A Corporação também regrava o aprendizado. Estabelecido estava que o jovem – no mínimo com 12 anos – seria encaminhado a uma oficina: isto é, submeter-se-ia à tutoria de um mestre, em outra família, onde seria acolhido como um “afilhado íntimo” (ou um “filho laboral”). A família original e natural dos jovens – só masculinos – pagava ao Mestre uma anualidade pela tarefa de educar e também pela formação profissional, o que duraria de cinco a oito anos. O momento de conclusão dessa etapa era decorrente de avaliação do Mestre que consideraria o aprendiz apto a “saber fazer”, consequentemente um “aspirante a companheiro”.

Saltando no tempo, nos deparamos com a chegada do tear, transformado em símbolo, modesto, mas não esquecido. Foi o início de uma nova etapa nas condições de prestação do trabalho. Veio com a máquina a possiblidade de produzir mais mas também, com ela, o acidente de trabalho e suas vítimas.

Ante o desafio inovador da mudança, organizaram-se os anarquistas e puseram o tamanco grosso (em francês, “sapot”: daí a palavra sabotagem) na correia da máquina, que se espatifou. Começava o que seria, as vezes, luta, noutras, parceria do homem com a máquina por ele criada. Enfim, ela seria (?) o emprego e o desemprego. Naturalmente, nisso havia causa e efeito para as áreas da política e da economia. Diferentemente do tempo das corporações, as ideias novas e dominadoras passam a ser o individualismo e o liberalismo. No mundo do direito, a figura do contrato fazia emergir a, até então, acanhada vontade individual.

Enquanto isso e também por tudo isso se avolumava o cortejo dos migrantes, fazendo o roteiro esperançoso rural – urbano. Muitos, deslumbrados – não por todo o tempo – encontraram aberto o portão da fábrica e se tornaram os primeiros empregados (não era bem isso mas viria a ser isso). Os que chegaram depois se depararam com a tabuleta cruel: “não há vagas” e se constituíram nos primeiros desiludidos desempregados, em um mundo que parecia prometer muito mas dava pouco. Esse foi apenas o capítulo inicial, um lembrete sintético do que pode ter sido (são tantas as versões) um momento do tempo passado que permite focar diferenciadas as figuras do “ofertante” de oportunidade de trabalho” – na tradução improvisada do Direito Italiano – e a do “prestador de serviço”.

São conceituações tímidas, do que viriam a ser no depois (chegando ao agora) em versão muito alterada porque combalida: empregador e empregado. Tenho a pretensão de narrando seus confrontos e acertos, que assim tem sido sua convivência íntima, estarei assim arriscando-me a propor um enfoque da História de Civilização, que é um capítulo insubstituível da História da Humanidade. Vale a pena.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/o-trabalho-no-tempo/ O trabalho no tempo 2018-04-13
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