Domingo, 23 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de maio de 2018
Estudo da Universidade de Sydney, na Austrália, aponta que a indústria do turismo é responsável por um décimo da liberação de poluentes para a atmosfera. Cientistas calcularam pela primeira vez a pegada de carbono da indústria do turismo global ao longo de toda sua cadeia de suprimentos – dos voos aos suvenires -, revelando-a como uma significativa e crescente contribuinte para as emissões de gases do efeito estufa.
Segundo os pesquisadores, pequenas ilhas concentram uma fatia desproporcional das emissões de carbono, devido à quantidade de visitantes internacionais, com os EUA figurando como responsáveis pela maior parte das emissões geradas pela indústria. Estima-se que o setor já corresponda a quase um décimo da liberação de gases-estufa para a atmosfera.
O estudo, liderado pelo grupo de pesquisas em Análise Integrada de Sustentabilidade de cadeias de suprimentos da Universidade de Sydney, na Austrália, mostra que a pegada de carbono do turismo global e as emissões a ele associadas são cerca de quatro vezes superiores às que apontavam levantamentos anteriores.
Diante disso, os pesquisadores sugerem que assistências financeira e técnica podem ajudar a diminuir o fardo do aquecimento global em atividades como esportes de inverno, assim como seu impacto em ilhas de baixo relevo e da poluição em destinos exóticos e vulneráveis. E, para tanto, a estratégia básica seria simples: voar menos e pagar mais para abater as emissões de carbono.
Arunima Malik, professora da Escola de Física da Universidade de Sydney e uma das autoras do estudo, publicado ontem no periódico científico “Nature Climate Change”, revela que a pesquisa demorou um ano e meio para ser completada e incorporou dados sobre mais de 1 bilhão de cadeias de suprimentos e seus impactos na atmosfera.
“Nossa análise é a primeira no mundo a investigar os verdadeiros custos do turismo, incluindo consumíveis como alimentos servidos em restaurantes e suvenires, numa avaliação completa do ciclo de vida do turismo global, de forma a assegurar que não perdêssemos qualquer impacto”, destaca. “Essa pesquisa preenche uma lacuna crucial identificada pela Organização Mundial do Turismo e pela Organização Meteorológica Mundial na quantificação, de maneira abrangente, da pegada de carbono do turismo.”
Coautor do estudo, Ya-Yen Sun, da Escola de Negócios da Universidade de Queensland, também na Austrália, e da Universidade Nacional Cheng Kung, em Taiwan, diz que os resultados exigem rever a noção do turismo como uma indústria de “baixo impacto” ambiental.
“Dado que o turismo deverá crescer mais rápido que outros setores da economia, a comunidade internacional deve considerar sua inclusão nas futuras negociações sobre o clima, como o Acordo de Paris, ligando os voos internacionais a nações específicas – sugere. – Taxações sobre as emissões de carbono, ou sistemas de negociação de emissões de carbono, em particular para a aviação, podem ser necessários para desestimular o crescimento futuro de emissões relacionadas ao turismo.”
Líder da pesquisa, Manfred Lenzen, também da Universidade de Sydney, diz que o estudo apontou as viagens aéreas como principais causadoras da pegada de carbono do turismo, e que a indústria da aviação, intensiva em carbono, vai responder por uma parcela cada vez maior das emissões à medida que a distribuição da riqueza e os desenvolvimentos tecnológicos aumentam o acesso às viagens de luxo.
“Descobrimos que a pegada de carbono per capita aumenta fortemente com o crescimento da riqueza e não parece se saciar à medida que a renda sobe”, destaca Lenzen.