Por Redação O Sul | 8 de agosto de 2017
O novo embaixador do Uruguai no Brasil, Gustavo Vanerio, terá a missão de ampliar fortemente o comércio bilateral e juntar forças com o Brasil para o Mercosul continuar buscando novos acordos preferenciais de comércio. As informações são de reportagem do jornal Valor Econômico.
Depois de representar seu país na OMC (Organização Mundial do Comércio), Vanerio assumirá em meados de setembro, em Brasília, esse que é um dos postos mais estratégicos da diplomacia uruguaia.
O ex-presidente José Mujica dizia que o Uruguai devia “viajar en el estribo” do Brasil. E a mais forte recessão brasileira dos últimos tempos, com queda do PIB acumulada de 8% em 2015/2016, causou forte diminuição das vendas uruguaias para o Brasil em vários setores.
Agora, para o novo embaixador em Brasília, a avaliação é de que a economia brasileira já chegou ao fundo do poço e está se recuperando, no que vê oportunidades para dobrar o comércio bilateral.
“Em geral, o Uruguai não enfrenta restrições maiores no mercado brasileiro, embora haja sempre algumas escaramuças”, afirma. “E o Uruguai mantém sua aspiração de obter a livre circulação de bens em nível do Mercosul o mais cedo possível.”
Procurando se antecipar à volta de maior demanda no mercado brasileiro, o Uruguai espera ampliar bastante suas vendas de cortes finos de carne de ovelha, ao mesmo tempo em que não quer perder para o Brasil o espaço da carne bovina que exporta para os EUA.
A lista de mais negócios inclui leite em pó, óleo de oliva, arroz. O Brasil é também o maior mercado para vinho uruguaio.
Os uruguaios querem acertar com o Brasil mais integração de cadeia produtiva no setor automotivo, para melhorar a competitividade regional, se encaixando no programa que vai substituir o InovarAuto a partir de 2018.
Outro plano é discutir com Brasília sobre utilizar mais o porto de Montevidéu para exportações, podendo gerar redução nos custos para produtores brasileiros.
Em vista de investimentos e comércio de serviços, o Uruguai espera que a negociação de um acordo para evitar a dupla tributação ocorra rapidamente, para estimular investimentos e comércio de serviços. Atualmente, há 180 empresas brasileiras instaladas no país vizinho.
O Uruguai tem sido mais liberal que os parceiros do Mercosul. Agora, o embaixador Vanerio constata que a política comercial brasileira está mais aberta “e há que aproveitar”.
Vanerio nota que mais de 42% das exportações brasileiras são agrícolas e isso exige abrir mais mercados, ainda mais que está perdendo espaço preferencial em algumas áreas frente a competidores como Austrália e Nova Zelândia. Esses países têm acordos comerciais com vários outros, com suas vendas entrando com tarifas menores.
Conforme o diplomata, baseado em dados da OMC, menos de 19% das exportações brasileiras se beneficia de acordos comerciais preferenciais. O Mercosul é o de maior importância, com cobertura de 10,6% das exportações totais do país.
Nesse cenário, o Uruguai diz confiar em que o Brasil na atual presidência rotativa do Mercosul “lidere decisivamente a agenda de negociações externas”, para conseguir vantagem para os exportadores do bloco. Espera no momento principalmente a conclusão do acordo com a União Europeia que, se alcançado, dará nova dinâmica no panorama atual do comércio internacional.
Vanerio diz que o Uruguai vai apoiar o Brasil na OMC para que mantenha “sua posição propositiva” nas negociações para reforma do comércio agrícola internacional.
