Sexta-feira, 26 de abril de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
22°
Light Rain

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Notícias Óleo de coco não é veneno, como diz pesquisadora dos Estados Unidos, nem panaceia

Compartilhe esta notícia:

Óleo de coco, tido como benéfico em dietas, teria virado vilão da saúde. (Foto: Reprodução)

Nem veneno, como diz nesta semana uma pesquisadora dos Estados Unidos, nem panaceia. Sai ano, entra ano, e o óleo de coco​ continua envolvido em discussões sobre seus riscos e benefícios.

O burburinho, dessa vez, surgiu após uma pesquisadora da Universidade Harvard, nos EUA, ter afirmado que a substância “é puro veneno” e “uma das piores coisas que você pode comer”.

Karin Michels, do departamento de epidemiologia da Universidade Harvard e diretora da mesma área na Universidade da Califórnia, é a responsável pelas fortes declarações durante uma palestra em alemão, que virou um vídeo com mais de um milhão de visualizações no YouTube.

Contudo, segundo os especialistas ouvidos, a afirmação de Michels é radical, aproximando-se das posições defendidas por aqueles que dizem que esse tipo de óleo consegue curar doenças como o câncer e trazer outros benefícios de saúde.

“Há tanta apologia para se usar óleo de coco que às vezes a contrapartida acaba sendo violenta”, afirma Marcio Mancini, chefe do grupo de obesidade do HC (Hospital das Clínicas) da USP.

É fato que o óleo de coco é rico em gordura saturada (82% de sua composição) —mais do que banha de porco—, “não emagrece e aumenta o colesterol LDL [considerado ruim], então é uma moda, como tirar lactose e glúten da alimentação”, diz Mancini.

“A cada três meses há um surto de comentários que dizem respeito ao óleo de coco”, diz Maria Edna de Melo, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica). O modismo continua no mundo mesmo com todas as recomendações em sentido contrário.

Uma das mais recente partiu da American Heart Society, em julho de 2017. O posicionamento —baseado em 139 estudos— apresenta fatos nutricionais e suas relações com doenças cardiovasculares.

Ao citar o óleo de coco, a entidade afirma que por causar aumento do LDL —associado a eventos cardiovasculares—, e “por não apresentar efeitos benéficos conhecidos, não aconselhamos o uso”.

Também em 2017, alguns meses antes, a Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) já havia se posicionado especificamente sobre o óleo e o perigo de sua prescrição para tratar doenças —sim, isso estava e continua acontecendo.

Pode-se voltar mais ainda no tempo e chegar a 2015, quando um posicionamento conjunto da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia) e da Abeso alertou sobre uma das indicações costumeiras para uso do óleo, o emagrecimento.

“A Sbem e a Abeso também não recomendam o uso regular de óleo de coco como óleo de cozinha”, diz o documento, que possui indicações de uso moderado de óleos com gorduras insaturadas (como soja, oliva e canola).

Por que, então, mesmo com tantos questionamentos da comunidade científica, o óleo de coco continua tão popular?

A aposta de Melo é o apelo de produtos diferentes, anunciados como naturais e saudáveis. “Quando alguém defende uma dieta diferente, fala de bem-estar, qualidade de vida.”

De fato, a confusão quanto os supostos benefícios do óleo de coco parece residir na população leiga. Em 2016, o jornal The New York Times fez um questionário com 672 nutricionistas e 2.000 americanos para saber o que os dois grupos consideravam saudável.

Enquanto 72% público considerava o óleo de coco saudável, apenas 37% dos nutricionistas seguiam essa linha.

“Quando surge algum estudo sobre a nutrição humana, em geral é muito pequeno, in vitro, com modelo animal, ou com populações muito específicas. E às vezes as pessoas podem ler esses achados e extrapolar como uma orientação válida”, diz Clarissa Hiwatashi Fujiwara, pesquisadora do HC da USP e membro da Abeso.

O importante é o equilíbrio, segundo os especialistas ouvidos. Ou seja, o óleo de coco até pode ser usado, mas não vale a pena substituir o óleo de canola, o de soja, a manteiga e o azeite de oliva —associados a benefícios de saúde— por ele.

Uma análise recente publicada na revista especializada BMJ afirma que as evidências mostram que o risco de doenças cardíacas pode ser diminuído pela substituição de gorduras saturadas por poli-insaturadas. A publicação também diz que a alimentação deve ser guiada pelo consumo de alimentos e padrões dietéticos, não por nutrientes isolados.

“Mas meu amigo/blogueira disse que com óleo de coco emagreceu/ficou com a pele melhor”, alguém pode dizer.

É prudente ter cuidado com as possíveis notícias falsas. Vale, inclusive, questionar a pessoa que passou a informação errada e verificar suas credenciais profissionais e acadêmicas.

Mesmo assim, é possível que a pessoa em questão defenda um posicionamento sem qualquer respaldo —o conhecimento científico acumulado pela humanidade continua sem poder dizer que qualquer um desses alegados benefícios realmente procedem.

tags: Saúde

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Notícias

Museu de Anatomia da UFCSPA recebe visitações até dia 3
Partidos aliados ao PMDB na sustentação do governo de Michel Temer consideram que o presidente perdeu as condições de ficar no cargo e já fizeram chegar a ele essa avaliação, de forma reservada
https://www.osul.com.br/oleo-de-coco-nao-e-veneno-como-diz-pesquisadora-dos-estados-unidos-nem-panaceia/ Óleo de coco não é veneno, como diz pesquisadora dos Estados Unidos, nem panaceia 2018-08-25
Deixe seu comentário
Pode te interessar