Domingo, 15 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 29 de junho de 2018
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
A novela de penúria do Estado teve ontem dois capítulos. Pela manhã, a Comissão de Finanças da Assembleia Legislativa aprovou o relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2019. O déficit previsto para o próximo ano alcança 6 bilhões e 800 milhões de reais, prevendo o retorno dos pagamentos mensais da dívida do Estado com a União, suspensos por liminar da Justiça. Pior, impossível.
Abrem-se as cortinas
À tarde, o Tesouro do Estado lançou o Portal da Dívida Publica do Rio Grande do Sul. Nesse espaço, estarão dados atualizados como o saldo e os juros. Até a reprodução de todos os contratos assinados ficará à disposição do público. Os próximos dias serão suficientes para conferir se as informações não cairão no tecnicismo de difícil compreensão. O instrumento chega com atraso de, no mínimo, 20 anos. Se houvesse transparência, uma parcela esclarecida da sociedade reagiria a partir do momento em que começou o naufrágio das contas públicas.
Jogo fechado
Os setores públicos que mantiveram ocultos os números agiram como se fosse uma questão privada, reservada exclusivamente a eles. Marcharam de forma silenciosa em direção ao iceberg. Agora, que não sobram coletes de salva-vidas para todos, pedem socorro. Para os donos dos números, socorro significa aumento de impostos.
A derrocada
O estouro das finanças, de Norte a Sul do País, teve como nascedouro leis inspiradas na utopia bem intencionada. Somaram-se, depois, os componentes da demagogia e da má-fé, distanciados da realidade do caixa que lhe daria sustentação.
Reta final
Nas quatro sessões da Câmara Municipal que faltam até o começo do recesso, a 13 de julho, o Executivo pretende aprovar três projetos que considera vitais: 1º) o da revisão da planta de valores dos imóveis, com aumento do IPTU para uma parte da cidade; 2º) o de modificações da previdência complementar dos servidores para reduzir em 12 milhões de reais a despesa anual; 3º) o da retirada de avanços automáticos na carreira dos municipários, diminuindo gastos em 15 milhões de reais por ano.
Dentadura potente
O cheque especial corrói quase que silenciosamente o bolso: assumiu a dianteira entre as modalidades de crédito, cobrando os maiores juros do sistema financeiro no País. O Banco Central informou, ontem, que chegou a 311,9 por cento em maio, desbancando a taxa média do rotativo do cartão, que ficou em 303,6 por cento.
Não tem explicação
Na próxima quarta-feira, será apresentado o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Cartões de Crédito. Em fevereiro deste ano, 35 parlamentares assinaram o pedido de criação. Pura perda de tempo. Em um país que teve inflação de 2,95 por cento, no ano passado, cobrar mais de 300 por cento de juros é caso de Polícia. Sem esquecer que, no final de 2016, chegou perto de 500 por cento.
Coisas nossas, muito nossas
Há um ano e três meses, cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro foram presos por corrupção. Apesar de já estarem soltos, todos continuam afastados das funções. Até aí, tudo normal. Revoltante é que, mesmo sem trabalhar, recebem salários e outros benefícios. O total da conta, durante a folga, chega a 3 milhões e 800 mil reais.
Regra do endividamento
Sai governo, entra governo e os administradores públicos brasileiros não aprendem a lição de Abraham Lincoln: “Não há progresso duradouro com base em dinheiro emprestado”.
Governo não perdoa
Brasileiro não pode mais se divertir a custo baixo. Cada figurinha do álbum do Mundial tem 50 por cento de impostos.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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