Segunda-feira, 10 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de novembro de 2025
A oposição ao prefeito afastado de Sorocaba (SP) defende a criação de um “grupo de investigação” para executar varredura minuciosa em todos os contratos da gestão Rodrigo Manga (Republicanos). O vereador Raul Marcelo (PSOL), autor do requerimento à presidência da Câmara Municipal, pede a participação dos órgãos de controle no grupo para revisar todos os contratos da administração Manga.
Apontado como líder de uma organização criminosa que teria se instalado na prefeitura de Sorocaba, Manga foi removido por suspeita de corrupção – ele teria usado uma empresa de publicidade aberta em nome da mulher, a primeira-dama Sirlange Rodrigues Frate Maganhato, e uma igreja ligada à irmã e ao cunhado dela para lavar dinheiro de propinas, segundo a Polícia Federal.
Manga nega irregularidades em seu governo. Em nota, a defesa afirmou que o prefeito é vítima de “perseguição política” e que o afastamento foi baseado em “ilações”.
O criminalista Daniel Leon Bialski, que comanda a defesa do prefeito, avalia que “a investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) de Sorocaba é completamente nula, porque foi iniciada de forma ilegal e conduzida por autoridade manifestamente incompetente”.
As suspeitas levaram o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) a ordenar o afastamento de Manga para impedir “reiteração” de desvios na administração municipal. O desembargador André Nekatschalow aponta que a Manga é atribuída a “possível liderança do grupo criminoso e principal beneficiário das supostas práticas criminosas”.
Na semana passada, a PF deflagrou a segunda fase da Operação Copia e Cola, que mira o prefeito e aliados. Na representação que deu origem à operação, a PF apontou “elevado número de delitos descobertos em razão das provas produzidas”.
O rival de Manga no Legislativo elencou uma série de contratos, decisões judiciais e investigações que, segundo ele, evidenciam um ‘esquema de corrupção sistêmico e institucionalizado’.
Segundo Raul Marcelo, na área da Saúde, a Polícia Federal já investiga suposto desvio de 40% em “contratos fraudulentos” que somam R$ 123,7 milhões firmados com uma organização que administrava unidades de saúde.
Raul Marcelo sustenta que, além disso, o Tribunal de Contas do Estado apontou irregularidades na contratação de leitos de Covid pelo valor de R$ 25 milhões, alcançando um sobrepreço de 145% ‘em relação ao parâmetro do Ministério da Saúde’.
O vereador do PSOL cita, ainda, pagamentos sem contrato que totalizam R$ 13,4 milhões a uma empresa terceirizada responsável pelas farmácias dos postos de saúde e, ainda, a aquisição de medicamentos com superfaturamento de até 950% em uma licitação de R$ 33,7 milhões.
Na área da Educação, o opositor indica “um conjunto de abusos que se acumulam como uma lista de escândalos”. Segundo ele, “o caso mais emblemático é a compra de kits de robótica por R$ 26,2 milhões, sob suspeita de superfaturamento”. Essa investigação, ele sustenta, já levou ao bloqueio das contas pessoais de Manga.
Outro episódio apontado por Raul é a compra do prédio da Secretaria da Educação por um montante de R$ 10,3 milhões “acima do preço de mercado”. O vereador afirma que nesse episódio, dois servidores “politicamente ligados” a Manga já foram condenados em primeiro grau judicia – um pegou 23 anos e quatro meses de prisão, outro, a 10 anos.
Na representação à presidência da Câmara de Sorocaba, o vereador do PSOL diz que “a sequência de irregularidades parece inesgotável”. Cita, ainda, que Manga “tentou comprar por R$ 22 milhões kits de musicalização com CDs e DVDs mesmo sabendo que as escolas não possuem equipamentos para reproduzir essas mídias”.
O negócio acabou sendo barrado pela Promotoria.